Djavan fala sobre 26º álbum e turnê de 50 anos de carreira: ‘Busco sempre um frescor’

Em entrevista à IstoÉ Gente, artista celebra 50 anos de carreira, reflete sobre novos rumos, lança álbum 'Improviso' e prepara turnê inédita para 2026

Djavan fala sobre 26º álbum e turnê de 50 anos de carreira: 'Busco sempre um frescor'
Djavan fala sobre 26º álbum e turnê de 50 anos de carreira: 'Busco sempre um frescor' Foto: Divulgação

Aos 76 anos — cinco décadas dedicadas à música — Djavan segue ocupado no centro da cena brasileira. Dono de uma carreira consagrada, marcada por sucessos que atravessam gerações, parcerias internacionais, inúmeras premiações e um papel fundamental na construção da MPB contemporânea, o artista consolidou-se como um dos compositores mais respeitados e influentes do país. Quase sem pausa após encerrar a turnê de D (2022), ele já prepara uma nova e ambiciosa turnê comemorativa para o próximo ano e, na última terça-feira, 11, ainda brindou o público com o lançamento de ‘Improviso’, seu mais recente álbum.

Em ‘Improviso’, Djavan reafirma sua capacidade de se reinventar: aborda temas contemporâneos, como o “amor livre”, ao mesmo tempo em que revisita momentos marcantes de sua trajetória artística. O disco traz faixas como O Vento, composta em parceria com Ronaldo Bastos em 1987 para Gal Costa, e Pra Sempre, cuja melodia nasceu quando o cantor foi convidado por Quincy Jones para colaborar com Bad (1987), de Michael Jackson — uma criação que, por inseguranças do próprio Djavan, permaneceu inédita até agora.

Djavan conversou de forma remota com IstoÉ Gente, em uma entrevista exclusiva na qual abordou o novo álbum, revisitou momentos de sua carreira, comentou suas preocupações ambientais e falou sobre os preparativos para a turnê de 2026.

Com seu habitual brilho nos olhos ao falar de música — e uma sinceridade desarmante ao tratar do amor, tema sobre o qual admite “não ser a pessoa que melhor ama” —, o artista detalhou seus próximos projetos e refletiu sobre sua trajetória.

Na mesma terça-feira, o músico oficializa também a turnê Djavanear 50 anos. Só Sucessos, que passará por grandes estádios e estreia em maio, no Allianz Parque, em São Paulo.

Djavan celebra a chegada de ‘Improviso’, seu 26º álbum, descrevendo-o como um projeto que lhe trouxe enorme alegria. “Olha, esse projeto… obrigado por ele me dar tanta alegria, viu?”, afirmou o cantor ao comentar sobre o lançamento. Ele conta que gostou profundamente não apenas do resultado final, mas também de todo o processo — da convivência com os músicos à intensidade da produção — e, apesar da maratona de entrevistas e sessões de fotos, o saldo é de plena satisfação diante do disco que apresenta ao público.

Ao refletir sobre como ‘Improviso’ traduz sua identidade musical, Djavan explica que o maior desafio de uma carreira tão longa é manter a sensação de novidade.

“O grande desafio, pra quem faz com a regularidade com que eu faço, é tentar trazer algum frescor. Fazer um trabalho que você identifique como novo. É difícil, porque a carreira é longa, eu já fiz muita coisa… então não é uma tarefa simples. Mas perseguir esse objetivo é o grande barato”, diz o artista, reforçando que buscar esse frescor é o que move sua criação.

Homenagens a Gal Costa e Michael Jackson

Segundo Djavan, cada tributo nasce de uma vivência pessoal. “A coisa do Michael foi o seguinte: o Quincy Jones me pediu uma música pra ele. Eu não mandei em tempo hábil, e a música não rolou. Não estou dizendo que, se eu tivesse mandado, ele gravaria — mas, não mandando, aí é que não aconteceria mesmo. E foi isso: não mandei a música em tempo, ele não gravou, e agora, quase 40 anos depois, gravei. Meus filhos ficavam pedindo, porque é uma música legal.” Sobre Gal, ele recorda: “Eu fiz a música em 86 para 87. Ela gravou, eu não. E agora, em homenagem a ela, eu gravei.”

A presença dos filhos também marca Improviso. Djavan conta que reuniu músicos que já o acompanham há anos e incluiu João e Max na mesma faixa. “Nós já fizemos turnês juntos — duas turnês. Aí eu os chamei para participar de uma música, e calhou de ser a mesma: o João tocou bateria e o Max, guitarra”, relata.

Cinco décadas de carreira

Às vésperas de completar 50 anos de carreira, o cantor reflete sobre o que o mantém em movimento.

“Cada disco é um disco novo. Cada dia no palco é um dia novo, e todos com identidade própria. É muito bom subir no palco, é muito bom viajar — tô falando só do lado bom, né? Porque é difícil também. Depois de tanto tempo viajando o mundo inteiro, avião, aeroporto, todos os trâmites… é terrivelmente difícil. Mas é uma delícia. É a minha vida, eu gosto. Tem seus senões, mas é bom, é gostoso. Eu não viveria sem isso.”

Outro ponto da conversa aborda o racismo no Brasil e o que ele diria aos artistas negros que enfrentam esse cenário. “O que eu tenho pra dizer é o que aconteceu comigo — e o que acontecerá com qualquer pessoa que quiser enfrentar o problema: é enfrentar. É ir aos lugares de cabeça erguida, brigar muito pelo que você quer, porque não é fácil. Existe uma adversidade planejada, estabelecida, na vida de quem é preto. O preto tem que mostrar a sua capacidade duplamente. Tem que chegar com a cabeça erguida e enfrentar os problemas”, afirma.

Reflexões sobre meio ambiente e o papel da COP

Engajado em questões sociais e ambientais, Djavan também comenta a importância da COP e das políticas voltadas à preservação.

“Os problemas ambientais vão ser sempre difíceis de solucionar, porque o negacionismo, que está ligado à questão econômica — ou até mais do que isso —, não vai desaparecer. Sempre vai haver pessoas que poderiam ajudar, mas são contra iniciativas favoráveis ao meio ambiente. […] A COP talvez não tenha resultados tão bons quanto esperamos, mas ela tem que existir — e todas as outras também. É martelando que, quem sabe um dia, a gente consiga.”

Quando questionado sobre seu papel no cenário musical atual, ele ressalta o impacto formativo de sua obra. “O que eu tenho observado é que a minha música tem trazido muita gente pra aprender certas questões da música — certos elementos que formatam um músico, um cantor, um compositor. […] Porque a música é, entre outras coisas, um elemento de união. A arte em geral, mas a música, por ser a mais popular, tem essa função de unir, de acolher.”

Turnê ‘Djavanear – 50 Anos. Só Sucessos’

Para encerrar, Djavan deixa um recado ao público sobre ‘Improviso’ e sobre a turnê que inicia em 9 de maio do próximo ano, no Allianz Parque.

“Eu diria às pessoas que gostam do meu trabalho para ouvirem, porque tem muita coisa ali pra descobrir. E quero chamar atenção para a turnê, que começa no dia 9 de maio do ano que vem, no Allianz Parque. Vai ser uma turnê muito boa, só com sucessos, revisitando toda a minha carreira. Estou ansioso que chegue, porque eu sei que vou me divertir muito.”

Confira as datas da turnê ‘Djavanear’ em 2026

  • 09 de maio – São Paulo (Allianz Parque)

  • 23 de maio – Salvador

  • 30 de maio – Fortaleza

  • 13 de junho – Curitiba

  • 27 de junho – Brasília

  • 18 de julho – Belo Horizonte

  • 01 de agosto – Rio de Janeiro

  • 29 de agosto – Florianópolis

  • 24 de outubro – Belém

  • 31 de outubro – Recife

  • 05 de dezembro — Maceió