O DJ Alok trouxe uma mistura radiante de batidas de dança eletrônica ao palco do Coachella Valley Music and Arts Festival no sábado, 12, apesar dos crescentes temores de artistas internacionais sobre o futuro das apresentações nos Estados Unidos.
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“Para mim, como brasileiro, sempre foi difícil conseguir visto. Então, para nós, não mudou muito”, disse Alok à Reuters durante uma entrevista nos bastidores do Coachella, realizado no sul da Califórnia.
“Mas, é claro, para a Europa e outros, eles mudaram as regras, certo?”, acrescentou.
Ele ouviu falar de outras apresentações do Coachella que seriam canceladas em 2025 devido a problemas de visto e se sente sortudo por ter conseguido ir ao festival quando outros artistas internacionais não conseguiram.
Na primeira semana de abril, a cantora britânica FKA Twigs, que se apresentaria no Coachella, cancelou sua apresentação. No Instagram, ela disse que estava desistindo devido a “problemas com o visto“. A cantora também cancelou toda a sua turnê pela América do Norte.
Com o governo Trump cancelando rapidamente os vistos de estudantes internacionais de ativistas pró-palestinos, bem como revogando o status legal de 530.000 cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, os artistas musicais internacionais também descobriram que não estão imunes.
Em março, o membro da banda britânica de punk rock UK Subs, Alvin Gibbs, compartilhou no Facebook que eles teriam tido a entrada nos Estados Unidos negada enquanto viajavam para sua apresentação no LA Punk Invasion 2025.
Alok faz apelo para ‘mantenha arte humana’ em meio à revolução de IA
Apesar da iminente mudança nas políticas de visto, Alok não se preocupou com o futuro durante seu show. Ele elevou sua música a um novo patamar.
O brasileiro tradicionalmente usa projeções de LED para criar fileiras de dançarinos artificiais de fundo para seus sets musicais, mas para seu set no Coachella ele evoluiu a performance com artistas ao vivo dançando conforme suas batidas.
O DJ utilizou uma camiseta escrito ‘keep art human’, ou ‘mantenha a arte humana’ em tradução livre.
“Foi muito desafiador. Estou acostumado a fazer muitas coisas malucas nos shows, me integrando muito com novas tecnologias, mas esse com certeza foi o mais difícil”, disse Alok.
“Estamos lidando com tecnologia humana e sincronização. Mas também é algo lindo porque, uma vez conectados na mesma sinergia, no mesmo propósito, podemos fazer coisas extraordinárias”, acrescentou, observando o desejo de manter o desempenho humano em vez de depender demais da inteligência artificial.
“A arte é feita pela alma”, disse Alok, acrescentando posteriormente sua admiração por sua artista convidada, a cantora norte-americana Ava Max.
Alok é mais conhecido por seu single de 2016, “Hear Me Now” (com mais de 600 milhões de visualizações no YouTube), e por seu álbum de 2024, “The Future is Ancestral”, que apresenta nove faixas dançantes misturadas com canções indígenas, algumas das quais são cantadas há séculos por tribos brasileiras. O artista ocupa a 4ª posição mundial do ranking de DJs da DJMag e tem mais de 3 faixas que superam os 400 milhões de streams no Spotify.