O ex-presidente americano Donald Trump, acusado de manipulação negligente de segredos de Estado, falava de um plano para atacar o Irã, supostamente contido em documentos confidenciais que mantinha em sua casa, de acordo com uma conversa gravada divulgada pela rede CNN na noite de segunda-feira (26).

De acordo com a emissora americana, trata-se de “uma conversa de julho de 2021, pouco depois de sua saída do poder, durante a qual o ex-presidente Donald Trump admitiu ter guardado um documento confidencial do Pentágono relativo a um possível ataque contra o Irã”.

“Esses são os papéis”, diz Trump no áudio divulgado pela CNN e também obtido pelas redes ABC e CBS. Aparentemente, ele fala com assessores sobre os planos de ataque do Pentágono.

“Os militares fizeram isso e me deram. Como presidente, eu poderia tê-los ‘desclassificado’. Agora não posso, vocês sabem, mas continua sendo um segredo”, afirma.

“Agora temos um problema”, diz, então, um dos assessores.

“Não é interessante? É tão bom”, responde o ex-presidente republicano (2017-2021), que termina a gravação mandando alguém trazer alguns refrigerantes.

Em meados de junho, Trump se declarou inocente de 37 acusações de má gestão deliberada de arquivos secretos do governo e de conspiração para evitar sua devolução, tornando-se o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar um julgamento criminal. A acusação menciona parte da gravação divulgada pela CNN.

Trump se referiu ao procedimento como um “atroz abuso de poder”, negando ter guardado documentos confidenciais.

Isso prepara o terreno para um julgamento histórico e potencialmente muito prejudicial para sua campanha antes da eleição presidencial de 2024.

O republicano é acusado de colocar a segurança dos Estados Unidos em risco, ao armazenar documentos confidenciais, incluindo planos militares e informação sobre armas nucleares, em um banheiro ou depósito de sua luxuosa residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Também é acusado de se recusar a devolver estes documentos, apesar de ordens judiciais, o que configura “retenção ilegal de informação relativa à segurança nacional”, “obstrução à justiça” e “falso testemunho”.

Trump havia sido indiciado no início de abril nos tribunais do estado de Nova York por várias fraudes contábeis relacionadas a um pagamento feito antes da campanha presidencial de 2016. O objetivo era silenciar uma atriz pornô que afirma ter sido sua amante.

Isso se soma a outras questões legais pendentes.

Uma promotora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de sua investigação sobre a suposta pressão exercida pelo magnata para tentar mudar o resultado da eleição presidencial de 2020, na qual foi derrotado pelo democrata Joe Biden.

Além disso, um procurador especial também investiga sua participação na violenta invasão do Capitólio – sede do Congresso americano – em 6 de janeiro de 2021.

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