Divos, canibais e fascismo no Festival de Cinema de Veneza

Divos, canibais e fascismo no Festival de Cinema de Veneza

A atriz australiana Cate Blanchett conquistou o Festival Internacional de Cinema de Veneza com seu papel de maestra no filme “TÁR”, um drama sobre o abuso de poder, mulheres homossexuais e seus preconceitos.

O filme dirigido por Todd Field narra a ascensão e queda de Lydia Tar, uma das poucas mulheres a chegar na direção da prestigiada Filarmônica de Berlim, cuja carreira acaba sendo arruinada ao ser envolvida em denúncias de abuso sexual contra mulheres.

“Não é um filme sobre as mulheres, mas sobre seres humanos, sobre suas fraquezas”, insiste Cate Blanchett, que não quer que o filme se torne uma bandeira do movimento feminino “Me too”.

“Politizar um filme é banalizá-lo, normalizá-lo. Não escolho filmes que sejam o ‘manifesto’ de algo ou a propaganda de uma ideia ou pensamento. Embora seja correto”, explicou a atriz que brilhou por sua elegância e talento.

– Cem anos da ascensão do fascismo –

“A marcha sobre Roma”, um documentário sobre a ascensão do fascismo na Itália há 100 anos, ecoou no festival de Veneza por conta da possibilidade do partido direitista e nacionalista Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália) ganharem as eleições legislativas no 25 de setembro, já que protagoniza como o grande favorito em todas as pesquisas.

Exibido fora da da competição e dirigido pelo irlandês Mark Cousins, o documentário relembra a histórica manifestação feita em 28 de outubro de 1922, um marco do início do regime fascista, e foca na propaganda, na capacidade de distorcer a realidade com imagens e de manipular a opinião pública, um tema atual pelo mesmo poder adquirido pelas redes sociais.

“O fascismo sabe se adaptar em seu novo ambiente”, explica o diretor ao final da projeção.

– O divo canibal –

O jovem ator franco-americano Timothée Chalamet, que tornou-se uma estrela de Hollywood, surpreendeu no festival de Veneza com seu papel de canibal apaixonado.

O filme “Bones and all”, do diretor italiano Luca Guadagnino, que concorre o Leão de Ouro, foi gravado no coração dos Estados Unidos e é uma história de amor entre dois sujeitos pouco comuns com uma paixão incontrolável por carne humana, que não possuem escolhas a não ser comer por amor.