Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) – A dívida pública federal do Brasil subiu 0,46% em outubro sobre setembro, a 5,778 trilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira, vendo cenário doméstico mais adverso em novembro em meio às incertezas ficais após as eleições.

No mês passado, a dívida pública mobiliária interna teve alta de 0,60%, a 5,528 trilhões de reais.

De acordo com o Tesouro, a elevação do estoque da dívida foi explicada por um resgate líquido de 9,11 bilhões de reais e à apropriação positiva de juros de 35,39 bilhões de reais.

Segundo o órgão, outubro foi marcado pela persistência inflacionária e continuidade do ciclo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, instabilidade política no Reino Unido e tensões geopolíticas, que aumentaram as preocupações com o risco de recessão global.

No Brasil, houve redução de juros futuros, refletindo dados de inflação e a perspectiva do cenário eleitoral.

Nesse cenário, o CDS (credit default swap) do Brasil, que mede o risco relacionado ao país, caiu 11,39%, a 227 pontos base.

O custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses caiu, passando de 10,47% ao ano em setembro para 10,04% no mês passado.

Em relação às novas emissões de títulos da dívida interna, o custo médio aumentou, indo de 11,71% para 11,79% ao ano.

No período, houve relativa estabilidade do prazo médio de vencimento dos títulos brasileiros para 4,03 anos, ante 4,02 anos registrados em setembro.

Em relação ao colchão de liquidez para pagamento da dívida pública, houve uma ligeira redução de 0,24% em outubro, a 1,029 trilhão de reais. O montante é suficiente para quitar 8,97 meses de vencimentos de títulos, valor considerado confortável pelo Tesouro –em setembro, estava em 9,55 meses.

NOVEMBRO

Para o mês de novembro, o Tesouro vê cenário com mercado externo mais positivo, com dados indicando alívio inflacionário, o que levou o mercado a apostar na diminuição do ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos.

“Já o cenário doméstico foi marcado por elevada volatilidade”, disse em nota.

Neste mês, o CDS do Brasil caiu 4,71%, a 263 pontos base, mas a curva de juros local teve alta, “refletindo incertezas fiscais para 2023”, segundo o Tesouro.

“No cenário doméstico, vimos uma forte abertura em toda a curva de juros, refletindo as preocupações com o fiscal, que têm se apresentado em torno da PEC da Transição e nas regras fiscais para os anos seguintes”, disse o coordenador de operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas.

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