Depois de sobreviverem à recessão que fez a economia encolher 8% em 2015 e 2016, as empresas brasileiras chegaram ao fim de 2018 menos endividadas – resultado de reestruturações, venda de ativos e renegociação de débitos. De 2015 para cá, as dívidas das empresas listadas na Bolsa paulista caíram 17,7%, para R$ 885 bilhões (até setembro passado), segundo dados da consultoria Economática. O movimento foi puxado por Petrobrás e Vale. Com a recuperação esperada para 2019, a expectativa de analistas é que outras empresas consigam reduzir o endividamento de forma significativa este ano.

Com a retomada, mesmo que discreta da economia em 2017 e 2018, as companhias não apenas conseguiram reduzir o endividamento total, como ampliaram a capacidade de pagar as dívidas que ainda restam. Parte dessas empresas conseguiu alongar suas dívidas por meio de renegociações com credores e venda de ativos, reforçando seu caixa. Os dados da Economática compilam 267 empresas listadas na Bolsa, que somaram faturamento líquido de R$ 1,4 trilhão nos nove primeiros meses de 2018.

Segundo o diretor da agência de risco S&P Global, Diego Ocampo, as companhias hoje estão com uma posição financeira “mais sólida”. Com a geração de caixa atual, elas levariam, em média, 2,7 anos para pagar suas dívidas, mostra um levantamento da agência. Há dois anos, o índice era de 2,99 – ou seja, o risco de calote era maior.

A mudança no perfil de endividamento, no entanto, não deve se converter imediatamente numa retomada de investimentos, tanto pela posição mais cautelosa das empresas quanto pela capacidade ociosa – herança da recessão prolongada. “Embora as empresas estejam em um momento ‘pé no chão’, algum investimento será necessário para recuperar a capacidade ociosa. Será um processo gradual”, diz Eduardo Seixas, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.

Trabalho a fazer

Apesar da melhora no perfil da dívida, os dados da Economática mostram que, quando Petrobrás e Vale são excluídas da conta, os débitos de todas as empresas listadas na Bolsa brasileira somavam R$ 550 bilhões em setembro de 2018 – queda de apenas 2,5% em três anos. Isso, segundo analistas, mostra a necessidade de as companhias seguirem atentas ao endividamento, principalmente em meio ao processo de retomada de investimentos.

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Segundo Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática, as dívidas não caíram mais no último ano por causa do efeito do dólar, que subiu 17% de janeiro a setembro. Ele ressalta ainda que o tamanho dos débitos não é necessariamente um problema para as empresas – desde que sejam bem administrados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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