ROMA, 27 MAI (ANSA) – A diversidade genética dos italianos, considerada a mais variada da Europa, teve origem na Era do Gelo, cerca de 19 mil anos atrás, o que seria muito antes do que se pensava anteriormente, informaram os pesquisadores da Universidade de Bolonha, em um artigo na revista Bmc Biology.   

De acordo com o estudo liderado pelo italiano Marco Sazzini, em pequena escala, o material reproduz as diferenças genéticas entre a Europa continental e meridional. Essas peculiaridades, que caracterizam os italianos do norte e do sul de hoje, são o resultado de migrações, mas também da adaptação evolutiva aos diferentes ambientes e climas, que impactaram a saúde melhorando algumas funções biológicas do organismo.   

“No sul da Itália, houve uma adaptação à maior incidência de raios ultravioleta. Os genes que regulam a pigmentação da pele como proteção influenciaram a menor suscetibilidade a câncer de pele, mais comum no norte”, explica à ANSA Sazzini. Já na região norte, houve uma adaptação mais metabólica, que “pode ter favorecido uma menor suscetibilidade a doenças como diabetes e obesidade”.   

Para alcançar esses resultados, os cientistas sequenciaram o genoma de 40 pessoas, uma representação da variabilidade biológica da população italiana, trazendo à tona mais de 17 milhões de variações genéticas. A pesquisa comparou esses dados com as variantes genéticas de outras 35 populações europeias e do Mediterrâneo, e com as de cerca de 600 fósseis humanos de 40 mil a 4 mil anos atrás.   

“Os italianos do norte e do sul começaram a se diferenciar geneticamente há cerca de 19 mil anos, após o último pico da glaciação, portanto antes das migrações do Neolítico e da Idade do Bronze, que se pensava ter influenciado mais”, acrescentou Sazzini.   

Segundo os estudiosos, com o aumento das temperaturas da geleira, alguns grupos que durante a glaciação haviam se mudado mais para o centro em regiões de ‘refúgio’, com clima menos rígido, morando perto dos italianos do sul, foram para o norte e depois se afastaram isolando-se progressivamente aos habitantes do sul, dando início a diferenciação. “Outro fato interessante é que as diferenças entre as populações do norte e do sul da Europa quantitativamente são as mesmas que observamos entre o norte e o sul da Itália. A Itália é, portanto, um bom modelo para entender o que aconteceu na Europa”, finalizou o pesquisador. (ANSA)