01/10/2018 - 15:05
A duas semanas da data limite surgiram divergências entre os rebeldes da província de Idlib e zonas próximas do noroeste da Síria sobre a aplicação do acordo russo-turco, que prevê a criação de uma “área desmilitarizada”.
A maioria dos grupos rebeldes da região recebeu favoravelmente o acordo entre Ancara e Moscou, assinado em Sochi, na Rússia, em 17 de setembro, e evitou uma ofensiva contra o último reduto insurgente por parte do regime de Damasco e seu aliado russo.
Mas as posições parecem ter mudado nos últimos dias, com algumas facções que rejeitam o acordo ou se opõem a determinados pontos concretos, o que inclui a marcação da “área desmilitarizada” e a presença da polícia militar russa, entre outros.
A zona desmilitarizada prevista teria forma de ferradura e entre 15 e 20 quilômetros de distância, sob controle da Rússia e da Turquia na província de Idlib e áreas em regiões vizinhas, como Aleppo, Hama e Latáquia.
Os grupos rebeldes e extremistas deverão retirar suas armas pesadas da área até 10 de outubro, segundo o acordo.
Além disso, os extremistas têm que abandonar a zona antes de meados de outubro.
O acordo entre Rússia e Turquia é “ambíguo em seu conjunto e não inclui suficientes detalhes técnicos” sobre a sua realização, disse à AFP Sam Heller, analista do International Crisis Group (ICG).
Dentro dos grupos rebeldes, “a visão (concreta) de sua implementação emergiu nos últimos dias, após as discussões técnicas que ocorreram entre turcos e russos e as reuniões” com Ancara, acrescentou.
Após essas reuniões surgiram divergências: o grupo Jaish al-Ezza anunciou no sábado que rejeitava o acordo, tornando-se a primeira facção rebelde a fazê-lo.
Em um comunicado postado no Twitter, esse grupo exigiu que a “zona desmilitarizada” fosse localizada em partes iguais nos territórios controlados pelo regime e naqueles sob domínio insurgente.
Quando foi anunciado, o acordo não especificava a exata localização geográfica da zona desmilitarizada, e apenas sinalizou que estaria “nas linhas de contato” entre as forças do regime e os grupos rebeldes.
Mas ficou “claro que a zona desmilitarizada estaria unicamente no território da oposição”, acrescentou Heller, porque era “impensável que Moscou assinasse um acordo que atacasse a soberania” do Estado sírio.