Distantes de Lula e de olho em 2026, União e PP oficializam federação nesta terça

Bloco partidário terá maior fatia dos fundos partidário e eleitoral, além de formar a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares

Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil)
Ciro Nogueira e Antonio Rueda, presidentes de PP e União Brasil Foto: Montagem/IstoÉ

Após quase três meses de espera, o União Brasil e o Progressistas formalizam nesta terça-feira, 19, a federação União Progressista Brasileira (UPB), formando o maior bloco partidário do país. O evento será realizado em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Os partidos anunciaram a parceria em abril, após meses de discussão e disputa por protagonismo. Ambos atuarão em conjunto, como se fosse uma legenda, pelos próximos quatro anos. A federação ainda formará o maior bloco partidário na Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares, e o segundo maior no Senado, com 15 senadores.

Com quatro ministérios no governo Lula (PT), a federação já nasce distante do petista e de olho nas eleições de 2026. Os presidentes das legendas Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (Progressistas) defendem o apoio à candidatura à direita e com a saída definitiva dos partidos da base do governo.

A entrada dos partidos na base do governo foram articuladas por Arthur Lira (Progressistas-AL) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que se aproximaram de Lula durante a gestão na Câmara dos Deputados e mais recentemente no Senado. Lira indicou André Fufuca (Progressistas) para o Ministério do Esporte e Celso Sabino (União Brasil) para o Turismo. Já Alcolumbre conta com indicações nos ministérios do Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, e das Comunicações, com Frederico Siqueira. A tendência é que, mesmo com o distanciamento, os ministros sejam liberados para se manterem nos cargos.

Mesmo com os cargos, União Brasil e Progressistas nunca deram votos unânimes ao Palácio do Planalto no Congresso Nacional e sempre viveram uma relação morna com o governo Lula. Essa, inclusive, era uma das principais cobranças da cúpula do governo, mas os parlamentares resistiam à ideia de atrelar a imagem dos partidos à gestão em crise.

Nas últimas semanas, Rueda e Ciro Nogueira intensificaram as críticas ao governo, principalmente após o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em paralelo, ambos descartaram qualquer possibilidade de apoio à candidatura do petista em 2026.

Nogueira, inclusive, é cotado para ser vice na chapa adversária de Lula nas eleições, que tem Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, como favorito para a cabeça de chapa. Nas últimas semanas, o senador e Rueda se reuniram com partidos da oposição e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para alinhar as expectativas para o pleito do próximo ano.

União e Progressistas formam ‘partido’ mais forte

Com a formação da federação, a União Progressista Brasileira chega para obter o valor fundo partidário e eleitoral entre todos os partidos. Os fundos turbinados devem impulsionar os partidos para obter o maior número de cadeiras no Congresso em 2026.

De fundo partidário anual, se somados, os partidos receberão R$ 197,6 milhões para gastar. Já de fundo eleitoral, as legendas terão R$ 953 milhões disponíveis para investir nas campanhas.

Para as eleições de 2026, União Brasil e Progressistas devem resolver o impasse sobre a candidatura presidencial. Enquanto Rueda e Nogueira defendem investir em um nome do espólio bolsonarista, membros do União Brasil querem emplacar o nome de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, como candidato à presidência. O nome de Caiado, porém, sofre resistência da alta cúpula da federação.

Outro impasse que deve ser solucionado é o apoio de parte da cúpula, como Lira e Alcolumbre, ao governo federal. Lula quer emplacar o nome de Arthur Lira como candidato do governo ao Senado por Alagoas, em dupla com Renan Calheiros (MDB-AL), seu principal adversário político no estado. Já no Amapá, Lula deve apoiar um nome de Alcolumbre para uma das cadeiras no Senado.

Como ficam as bancadas

O evento

Para oficializar a federação, as cúpulas dos partidos devem se reunir separadamente pela manhã para votar a aprovação da união entre os partidos. No período da tarde, haverá a primeira convenção da federação.

A tendência é que o evento marque as escolhas pelo comando da federação nos estados e a gestão nacional. Rueda e Ciro Nogueira devem dividir o protagonismo no comando das ações, se dividindo na presidência do grupo ano a ano.

A convenção ainda deve resolver o impasse sobre o estado de São Paulo, que tem o ex-presidente da Câmara de SP Milton Leite como o favorito para assumir a presidência. Nos bastidores, no entanto, o nome de Milton sofre resistência da cúpula do Progressistas.