06/11/2024 - 14:24
Ministro das Relações Exteriores quando Donald Trump era presidente dos Estados Unidos, Aloysio Nunes disse ao site IstoÉ que a distância ideológica entre o americano, eleito para voltar à Casa Branca nesta quarta-feira, 6, e o presidente Lula (PT) não irá afetar a relação de “proximidade histórica” entre as duas nações.
“É uma relação diplomática muito sólida, que vem do tempo da Independência. Isso não desaparece por uma divergência de opiniões, como o próprio Lula demonstrou quando [George W.] Bush era presidente dos EUA“, afirmou o ex-chanceler.
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Diálogo político restrito
Mesmo com a expectativa de estabilidade, Nunes reconheceu que o petista mantinha um “diálogo político muito profícuo” com o presidente Joe Biden, o que não deve se repetir na relação com seu sucessor.
“As agendas em comum, como direitos humanos, luta contra o aquecimento global e defesa da democracia, deixarão de ser compartilhadas”, afirmou. Trump, vale lembrar, é um contumaz negacionista das mudanças do clima, enquanto Lula definiu a pauta ambiental como prioritária em seu terceiro mandato e o Brasil abrigará a COP-30, conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), em novembro de 2025.
Reconhecimento da vitória
Para o ex-ministro, Lula foi “rápido e oportuno” ao reconhecer a eleição do republicano, ainda que tenha declarado preferência pela democrata Kamala Harris durante a campanha americana.
“Ao contrário do que fez [o ex-presidente] Jair Bolsonaro, que demorou 36 dias para reconhecer a vitória de Joe Biden“, disse Nunes.
Relação econômica
Atual diretor de assuntos estratégicos do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) na Bélgica, Nunes recordou que, em seu período à frente do Itamaraty, o Brasil foi penalizado pelo aumento de tarifas de exportação de aço e alumínio imposto pela Casa Branca.
“Pelo que Trump tem dito, o aumento de tarifas deve ocorrer de forma mais ampla [no novo mandato]. Essas restrições poderão atingir até mesmo exportações agrícolas, o que é prejudicial porque os EUA são nosso segundo maior parceiro comercial, atrás somente da China”, disse ao site IstoÉ.