Dissidentes da extinta guerrilha das Farc detonaram explosivos junto a uma instalação militar na cidade colombiana de Cali (sudoeste), afetando várias casas de militares e civis, informou o Exército nesta sexta-feira (5).

A carga estava escondida em um caminhão e foi acionada às 22h20 de quinta-feira junto ao muro que circunda o Cantão Militar de Pichincha, o mais importante do sudoeste do país.

“Graças a Deus os danos foram na infraestrutura, nas casas, não temos pessoas lesionadas até o momento”, disse à imprensa o general Erik Rodríguez Aparicio, comandante do Exército na região.

Rodríguez atribuiu o ataque ao Estado-Maior Central (EMC), a maior facção dos rebeldes que rejeitaram o acordo de paz de 2016 que desmobilizou as Farc.

O caminhão carregava cinco cilindros explosivos. Os guerrilheiros “aproximaram o veículo […] da instalação militar e ativaram uma carga que lançou os cilindros” para o interior da base.

“Nenhum dos cilindros explodiu”, mas causaram danos a uma casa e a uma escola dentro da base, assim como a uma residência civil fora do cantão, explicou o general.

O EMC agrupa cerca de 3.500 combatentes e mantém tensas negociações de paz com o governo desde o final do ano passado. No final de março, o assassinato de uma líder indígena levou o Executivo a suspender em três regiões do sudoeste do país a trégua que havia sido acordada com os insurgentes.

Após a ruptura, os militares avançaram sobre as posições do EMC e eliminaram uma dúzia de seus combatentes.

Em um comunicado emitido nesta sexta-feira pelas partes da mesa de diálogo entre o governo e a dissidência, os delegados garantiram que “foi acordado continuar com os diálogos” apesar dos incidentes recentes.

O comandante do Exército, general Luis Ospina, afirmou que desde o início da trégua o EMC realizou mais de 600 “atividades” consideradas violações ao acordado.

A dissidência, liderada por “Iván Mordisco”, controla rotas de narcotráfico nas fronteiras com o Equador e a Venezuela, segundo a inteligência militar. O governo reconhece que os rebeldes aproveitaram a trégua para aumentar seu número de membros.

O presidente Gustavo Petro aposta em desativar o conflito armado de seis décadas dialogando com várias facções dissidentes das Farc e as organizações armadas do narcotráfico. Mas a oposição de direita acusa uma piora na ordem pública.

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