Dissidência denuncia ‘crise de saúde’ em Cuba e pede ‘corredor humanitário’

Dissidência denuncia

Um grupo de oposição cubano denunciou neste sábado (10) que a ilha vive uma “crise humanitária” devido ao alarmante aumento das infecções por covid-19 e pediu ao governo que estabeleça “um corredor humanitário”.

A denúncia ocorre em um dia em que Cuba registrou outro recorde de infecções em 24 horas, com 6.750 casos, em um total de 231.568. Com 11,2 milhões de habitantes, a ilha relata 1.490 mortes.

“O Conselho para a Transição Democrática apoia (…) a campanha promovida pelos cubanos que de várias partes do mundo pedem ao governo de Cuba (…) a criação de um corredor humanitário”, afirmou em nota enviada à imprensa internacional.

No texto, o Conselho destaca que “a abertura às doações que muitos cubanos enviaram ou desejam enviar a seus compatriotas e a solicitação de ajuda humanitária a organismos internacionais ou a países dispostos a estender a mão são os passos que um governo deveria estar disposto a dar” na conjuntura atual.

O governo cubano, por sua vez, admite uma “complexa situação epidemiológica”, mas rejeita o termo “crise humanitária”. Se diz aberto a receber doações e denuncia “campanhas de descrédito”.

“Enquanto o povo e o governo enfrentam a covid-19 e destinam todos os recursos para lutar pela saúde, aqueles que bloqueiam Cuba tentam articular campanhas de descrédito”, escreveu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, no Twitter.

Os ativistas destacam a situação “caótica” na turística província de Matanzas, localizada a 100 km de Havana, onde o alto número de infecções ameaça colapsar os serviços de saúde.

As autoridades cubanas enviaram para lá esta semana uma brigada de 500 médicos e enfermeiros, bem como recursos de saúde e alimentos, segundo a mídia local.

Para “conter a disseminação” do coronavírus, o Ministério da Saúde de Cuba (Minsap) anunciou neste sábado um pacote de medidas que entrará em vigor na próxima quinta-feira.

As novas disposições estabelecem um “isolamento obrigatório de 14 noites” em hotéis para todos os cubanos que chegam ao país pelos aeroportos de Varadero e de Cayo Coco.

Além disso, prevêem “a realização sistemática de testes” rápidos para trabalhadores de transporte e turismo, entre outros.

Cuba autorizou na sexta-feira o uso emergencial de sua vacina anticovid Abdala, a primeira da América Latina, que tem 92,28% de eficácia contra o risco de contrair covid-19 com sintomas.

Em um momento em que se multiplicam nas redes sociais iniciativas de apoio sob as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas”, a crítica dos opositores coincide com o apelo lançado por um grupo de intelectuais e acadêmicos cubanos na quarta-feira, em carta aberta publicada na internet.

“Facilitem e viabilizem o processo para permitir a entrada de medicamentos e insumos médicos no país” e “colaborem com os doadores”, pediram ao governo os signatários.

Toda oposição é ilegal em Cuba e o governo acusa os dissidentes de serem financiados pelos Estados Unidos.