Em meio à tensão comercial com os Estados Unidos, senadores brasileiros iniciam nesta sexta-feira, 24, uma viagem oficial a Washington para defender o setor produtivo nacional e tentar reverter o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump. A comitiva tem compromissos marcados de 28 a 30 de julho, será presidida por Nelsinho Trad (PSD-MS) e inclui ainda Jaques Wagner (PT-BA), Tereza Cristina (PP-MS) e Fernando Farias (MDB-AL) como titulares. Também fazem parte da missão, como suplentes, os senadores Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG).
A iniciativa tem apoio do Itamaraty e do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e é tratada como uma resposta institucional às medidas unilaterais do governo Trump que preveem sobretaxar todas as importações brasileiras para os Estados Unidos. “Vamos levar estudos, buscar convergência com o setor produtivo americano e dialogar com parlamentares que compreendam o impacto negativo dessas tarifas para os dois países”, afirmou Trad em entrevista ao PlatôBR.
O presidente da comitiva reforça que a missão é suprapartidária e com foco exclusivo na defesa de empregos e de setores estratégicos da economia brasileira. “Qualquer tentativa de desviar o foco para disputas políticas internas ou pautas que não dizem respeito ao comércio bilateral não terá espaço nessa agenda”, garantiu.
Eis os principais trechos.
A comitiva já tem encontros confirmados nos Estados Unidos? Quais agendas o senhor pode adiantar?
Sim. A programação inclui reuniões com parlamentares norte-americanos, empresários dos setores afetados pelas tarifas e especialistas em comércio internacional.
Se questionada, qual será a postura da comitiva em relação à imposição do Trump de suspensão dos processos contra o ex-presidente Bolsonaro?
A missão foi criada com um objetivo claro e suprapartidário: defender os interesses comerciais do Brasil. Qualquer tentativa de desviar o foco para disputas políticas internas ou pautas que não dizem respeito ao comércio bilateral não terá espaço nessa agenda. Nossa postura será de responsabilidade institucional e compromisso com o Brasil.
Acredita que essa missão pode influenciar o debate nos Estados Unidos ou é mais uma sinalização política? A missão pode resultar na reversão da decisão de Donald Trump?
A diplomacia parlamentar tem um papel importante na construção de pontes. Vamos levar estudos, buscar convergência com o setor produtivo americano e dialogar com parlamentares que compreendam o impacto negativo dessas tarifas para os dois países. O objetivo é contribuir para um ambiente de entendimento. A reversão de medidas unilaterais é um processo, mas toda iniciativa construtiva, de diálogo, pode influenciar positivamente na abertura de portas para negociação.
A missão tem alguma articulação com parlamentares norte-americanos? Já houve contato com senadores ou deputados dos Estados Unidos?
Sim. A Comissão de Relações Exteriores do Senado vem mantendo contatos com congressistas norte-americanos. Houve sinalização positiva de abertura ao diálogo por parte de parlamentares que compreendem a importância da relação com o Brasil.
Como foi a reunião de quarta-feira passada com o chanceler Mauro Vieira sobre a missão?
A reunião reafirmou o apoio institucional do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços à missão. No encontro, foram detalhados ainda os esforços em curso do governo brasileiro junto ao setor privado e autoridades dos Estados Unidos. A reunião reforçou a convergência de propósitos entre os poderes e nela foi reforçado que o Senado cumpre seu papel constitucional de defesa dos interesses nacionais, por meio de uma iniciativa suprapartidária que busca preservar empregos e proteger setores estratégicos da economia brasileira.