A crise esportiva do Lyon está agora associada a uma guerra aberta entre o novo proprietário do clube, o americano John Textor, e o seu antigo e lendário dono, Jean-Michel Aulas, com acusações de fraude por parte de um, uma queixa de difamação por parte do outro, acompanhada de uma apreensão cautelar.

Desde o início do verão, Textor e Aulas, que em maio foi destituído de forma antecipada da gestão do clube, têm protagonizado embates na mídia em torno da situação financeira do Lyon.

A situação se deteriorou a tal ponto que a empresa Holnest, comandada por Aulas, anunciou em um comunicado publicado nesta quarta-feira (30) que iniciou “várias ações legais para preservar os seus direitos diante das repetidas violações de John Textor e da Eagle Football”.

A nota também anuncia uma queixa de difamação pelas declarações feitas pelo empresário americano (que é também dono da SAF do Botafogo) na terça-feira.

Textor acusou Aulas de ter “escondido” a real situação financeira do clube no momento da cessão. “Houve uma avaliação errada da situação financeira real do Lyon quando a transação foi concluída em dezembro passado”, disse ele durante uma videoconferência em inglês organizada para alguns meios de comunicação.

“Ele escondeu más notícias”, acusou, referindo-se aos riscos ligados às regras da DNCG, o órgão de controle financeiro do futebol francês.

A Holnest “contestou essas alegações com a maior veemência”, detalhando as trocas entre as duas partes no momento da cessão.

“Com estas afirmações, John Textor e a Eagle Football procuram – como já fazem há mais de um ano – escapar dos compromissos a que, no entanto, estão contratualmente vinculados à Holnest”, acusou a holding JMA.

A Holnest também abriu um processo no Tribunal de Comércio de Lyon e obteve uma apreensão cautelar de 14,5 milhões de euros (R$ 77,1 milhões pela cotação atual) nas contas do clube, segundo informações obtidas pela AFP.

– “Contas bloqueadas” –

Com este procedimento de apreensão cautelar, Jean-Michel Aulas “conseguiu bloquear todas as nossas contas durante uma curta semana em plena janela de transferências. Para defender os seus interesses pessoais, colocou todo o clube em risco”, lamentou Santiago Cucci, presidente executivo do Lyon, em entrevista à AFP. “Mas a vida do clube continua, o Lyon está solvente. Foi bastante abalado durante cinco ou seis dias”, disse ele.

Inicialmente nomeado presidente executivo por três anos no momento da venda de seu clube ao grupo Eagle Football, e depois demitido do cargo no dia 5 de maio, Jean-Michel Aulas continua sendo acionista minoritário do Lyon com 8%, por meio de sua holding Holnest.

O acordo de cessão prevê que a Eagle Football recompre suas ações e é para se precaver contra um não cumprimento no pagamento desta dívida que foi solicitada – e obtida – uma apreensão cautelar de 14,5 milhões de euros (R$ 77 milhões).

O Lyon tentou anular esta apreensão, mas o Tribunal de Comércio rejeitou o pedido, considerando que “a dívida é real e que o pedido da Holnest é procedente”, segundo uma medida provisória do Tribunal de Comércio, cuja cópia foi obtida pela AFP.

O texto destaca “muitas incertezas sobre a situação do grupo (Eagle), que são circunstâncias susceptíveis de ameaçar a cobrança da dívida da holding Holnest”.

O fato é que o clube, que enfrenta dificuldades esportivas, está limitado em sua capacidade de contratar pelas medidas de controle da massa salarial e dos subsídios de transferência adotados em junho pela DNCG, a autoridade financeira do futebol francês, e confirmados em recurso.

O Lyon deverá comparecer ao órgão de controle financeiro dos clubes em outubro ou novembro para reavaliar sua situação.

Após três rodadas do Campeonato Francês e antes de receber o Paris Saint-Germain no próximo domingo, o Lyon ocupa a 17ª e penúltima posição da tabela com apenas um ponto conquistado.

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