O governo britânico anunciou, nesta quinta-feira (4), um acordo com o governo americano de Joe Biden para acabar com as taxas alfandegárias sobre produtos britânicos como o uísque escocês, impostas por Donald Trump em torno de uma antiga disputa entre a Airbus e a Boeing.

Anunciado no Twitter pela ministra britânica do Comércio Exterior, Liz Truss, o acordo suprime as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre o uísque escocês, caxemira e outros produtos e prevê uma “desescalada” na disputa entre as duas fabricantes de aeronaves.

O primeiro-ministro Boris Johnson saudou “notícias fantásticas”. “Das destilarias de uísque escocês às fabricantes de (queijo) Stilton, a decisão americana de suspender as tarifas sobre algumas exportações britânicas beneficiará empresas em todo o Reino Unido”, tuitou.

A fabricante europeia de aeronaves Airbus e sua concorrente americana Boeing, e por meio delas a União Europeia (UE) – da qual o Reino Unido fazia parte – e os Estados Unidos, estão em confronto desde outubro de 2004 na OMC pelos subsídios públicos pagos a ambos os grupos, considerados ilegais.

É a mais longa e complicada disputa comercial tratada pela OMC.

Os Estados Unidos foram autorizados, em outubro de 2019, a cobrar taxas adicionais sobre cerca de 7,5 bilhões de dólares (6,8 bilhões de euros) em bens e serviços europeus importados a cada ano, a sanção mais pesada já imposta pela OMC.

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Desde então, Washington taxa certos produtos importados da União Europeia em até 25%, 15% para aviões da Airbus.

– Esperanças de um acordo comercial –

Este anúncio concretiza o desejo expresso por Londres de chegar a um acordo neste assunto, após o fracasso do governo britânico em chegar a um acordo com a administração Trump.

O Reino Unido fez um gesto em dezembro ao anunciar o abandono das tarifas impostas aos produtos americanos no contexto da disputa entre a Airbus e a Boeing, na esperança de obter reciprocidade.

A decisão passou a vigorar em 1º de janeiro, depois que o país abandonou o mercado único europeu e a união aduaneira.

O Reino Unido dissociou-se então da União Europeia neste assunto, uma vez que os direitos aduaneiros americanos incidem sobre os produtos europeus.

Depois do Brexit, o país espera concluir um amplo acordo comercial com os Estados Unidos e, depois de ter previsto a conclusão em 2020, Londres agora mostra mais cautela.

O novo presidente Joe Biden esfriou as expectativas do Reino Unido no início de dezembro ao dizer ao New York Times que não concluiria um novo acordo comercial com ninguém no curto prazo, a fim de priorizar a economia americana.

Londres quer aproveitar as vantagens do Brexit para negociar acordos comerciais em todo o mundo.

Assim, obteve um acordo antes do Natal com a UE, de longe seu principal parceiro comercial.

Anteriormente, o Reino Unido já havia anunciado um tratado comercial com o Japão e reproduzido com muitos parceiros em uma base bilateral os acordos de que desfrutava como Estado-membro da UE.



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