A disposição da presidente Dilma Rousseff de denunciar em fóruns internacionais o que chama de “golpe” para tirá-la do Palácio do Planalto incomoda a oposição. Dilma viajará nesta quinta-feira, 21, para Nova York, onde vai participar, na sexta-feira, da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, e já avisou que usará a tribuna da Organização das Nações Unidas (ONU) para apontar o dedo na direção de seus algozes.

“É inaceitável a presidente utilizar uma viagem internacional para denegrir a imagem do Brasil no exterior”, afirmou nesta quarta-feira, 20, o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado. “Há um desgoverno instalado e muitos eleitores foram tratados como inocentes úteis nessa história.”

O vice-presidente Michel Temer, que assumirá interinamente o governo até sábado – quando Dilma retornará de Nova York -, já mostrou preocupação com a narrativa de que há um “golpe” em curso no País e pediu a ajuda de aliados para desconstruir esse discurso.

No último dia 15, antes mesmo da votação na Câmara dos Deputados que autorizou a abertura do impeachment, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, esteve com Dilma e disse que o processo contra ela era movido por “inconsistências” e “razões políticas oportunistas”. Na avaliação do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, o impeachment ameaça a segurança jurídica do Brasil e também da região.

A estratégia do governo e do PT consiste em expor ao máximo as “fragilidades” de Temer e carimbá-lo como um “traidor” que conspirou contra Dilma dentro do Palácio do Planalto, sempre insistindo que ele é “sócio” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu em ação penal autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Lava Jato.