A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve voltar à tona o debate do PL da anistia na Câmara dos Deputados. De acordo com aliados do ex-presidente e de membros da cúpula do Centrão, a pressão para o avanço do texto pode aumentar nos próximos dias, mesmo com a resistência do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB) e de parte dos parlamentares.
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Deputados afirmaram à IstoÉ que faltam detalhes para afinar o texto e que novas reuniões devem acontecer na próxima semana. A tendência é que se mantenha o texto construído pelo Centrão de dosimetria das penas, apesar dos protestos dos bolsonaristas.
Um líder do Centrão disse à reportagem que um dos entraves é a relação do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), com Hugo Motta. Na semana passada, Motta ficou incomodado com a insistência de Sóstenes em tentar emplacar uma emenda que equipara os crimes cometidos por facções criminosas ao terrorismo no PL Antifacção. Isso teria prejudicado ainda mais as negociações para o avanço do texto da anistia.
A proposta está travada na Câmara dos Deputados há pelo menos três meses. Após a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão, o projeto chegou a avançar na Casa com a urgência aprovada, mas empacou devido ao impasse entre PL, PT e Centrão sobre os moldes do texto.
Enquanto o PT não quer a votação e o Centrão não quer aliviar para Bolsonaro, o PL força uma anistia “total e irrestrita”. Líderes bolsonaristas planejam uma emenda substitutiva para tentar emplacar o texto proposto pelo grupo.
Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado, 22, após um pedido da Polícia Federal (PF), que entendeu haver risco de fuga do ex-presidente. Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que Bolsonaro tentou violar a tornozeleira eletrônica nesta madrugada. Além disso, uma vigília de orações convocada na frente do condomínio do ex-presidente poderia ser uma maquiagem para a fuga.