O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira, admitiu hoje (9) que o discurso protecionista do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump “é uma preocupação”. No entanto, na mesma linha das declarações do presidente Michel Temer, o ministro avaliou que as relações entre o Brasil e os norte-americanos não devem se alterar. Mais cedo, o presidente Temer enviou um telegrama ao presidente eleito dos EUA.

“As relações entre o Brasil e os Estados Unidos não devem mudar, são históricas, são de longa data e queremos crer que não deverá ter grandes alterações”, afirmou Pereira, após evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo o ministro, passada a eleição norte-americana, é hora de “aguardar observando”, as medidas e o tom do novo mandatário.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil e recebem 20% das exportações brasileiras, atrás da China, que é o principal destino de produtos brasileiros. As exportações para o mercado americano no ano passado atingiram US$ 24,2 bilhões, majoritariamente formadas por manufaturados, que responderam por 63,7% desse valor.

Preocupado com esse montante, Marcos Pereira, no entanto, afirmou que as declarações de Trump causam alguma apreensão. “Essa é uma preocupação, sim. Ele [Trump] debateu muito esse tema, se manifestou várias e reiteradas vezes sobre o assunto”, disse.

Pereira destacou que o interesse no tema é global e que o protecionismo permanece como uma das principais discussões nos fóruns econômicos, como o G-20 – grupo formado pelas 19 maiores economias mundo mais a União Europeia e que se encontrou na China, em setembro.

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“O aumento do protecionismo que está se vendo em alguns países nos últimos tempos é um tema que está sendo discutido na OMC [Organização Mundial do Comércio], nos Brics e no G-20. Com essa posição do presidente eleito nos EUA, [o assunto] deverá ganhar mais relevância nas discussões nos organismos internacionais”, disse. “Esse não é um mérito dos Estados Unidos.”

Ainda sobre as exportações e acordo bilaterais, o ministro afirmou que as negociações foram suspensas, mas disse acreditar que serão retomadas do mesmo ponto. “A pedido do governo norte-americano colocamos o assunto em stand by para aguardar as eleições, o que é normal, mas, no nível técnico, as negociações serão mantidas, porque os negociadores são funcionários de carreira, lá e aqui”, disse. “Esperamos avançar, não retroceder”, acrescentou.

Segundo a imprensa internacional, para ganhar as eleições, Trump defendeu uma guerra comercial com a China, sobretaxando importações em até 45% e suspendendo acordos comerciais. Os analistas daquele país questionaram a estratégia, alegando que não favoreciam a economia norte-americana, eram apenas declarações “populistas” para convencer o eleitorado.


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