A advogada e professora Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment, caiu na rede. O discurso inflamado da jurista durante o ato pró-impeachment, nessa segunda-feira, 4, no Largo São Francisco, transformou-se em um dos grandes memes políticos da temporada.

Horas depois do ato pró-impeachment, um gif com Janaina rodando a bandeira brasileira no ar já era um hit. Na sequência, uma montagem com o discurso da advogada sincronizado com uma música do Iron Maiden (Number of the beast) foi compartilhado exaustivamente. Na mesma onda, vieram fotos de Janaina no parlatório com piadas sobre sua performance. “Acabou a República da Cobra”, gritava, em referência ao ex-presidente Lula – que já se autonomeou uma jararaca.

Os críticos da jurista enxergaram “desequilíbrio” e “fanatismo religioso” no discurso de Janaina. O senador Roberto Requião (PMDB-PR), por exemplo, publicou em seu Twitter: “Tuitada do exorcismo: Deixa o corpo da nossa doce Janaína, maldito Capitoro. Retuite até que ele saia”. O senador também chamou Janaina de “Joana D’arc self-service”. “Foi ela mesmo quem se amarrou no palanque, acendeu a fogueira e se entregou em sacrifício”.

Por outro lado, os defensores da advogada disseram que os ataques (ou piadas) são injustos e até machistas. Cláudio Castelo, advogado de direito civil e um dos coordenadores do ato no Largo São Francisco, afirmou que a advogada “foi levada pela emoção”. Segundo Castelo, Janaina estaria sofrendo muita pressão. “Há uma perseguição muito forte de alguns setores contra ela”, disse.

O advogado Marco Aurélio Martorelli, presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto durante o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor (1992) também esteve no ato e disse que o discurso da colega foi o discurso de “uma mulher de fibra e de coragem”. Martorelli disse que foi um “momento de desabafo”. “O que ela está sofrendo nas redes sociais é um desrespeito. Ela se manifestou daquela forma porque estava na própria casa, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco”, disse.

A advogada Andreia Mustafa, primeira presidente mulher do Centro Acadêmico 11 de agosto (1988), ressaltou que as reações contrárias ao discurso são apenas contra a forma e não contra o conteúdo. “A internet é um local de muita brincadeira. Ainda assim, enxergo muito machismo e preconceito no que tenho visto na rede. Compará-la à pomba gira, de uma forma negativa, só demonstra preconceito às religiões afro”, completou.

A advogada Janaina Paschoal não foi localizada pela reportagem para comentar a repercussão de seu discurso.