O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou o nome do ex-presidente da Telebras Frederico de Siqueira Filho como o novo ministro das Comunicações. A posse do novo chefe da pasta foi realizada nesta quinta-feira, 24, de forma discreta e a portas fechadas.
Siqueira Filho assume o lugar de Juscelino Filho, demitido após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre suspeitas de desvio de emendas parlamentares. O nome do ex-presidente da Telebras foi financiado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
A posse aconteceu às escondidas, na sala de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Essa é a primeira vez em que uma indicação política para a Esplanada dos Ministérios não conta com um evento de posse no terceiro mandato do petista. O único ministro que não teve a celebração foi o general Marcos Antonio Amaro dos Santos, que comanda o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI).
A discrição acontece em meio à irritação de Lula com a cúpula do União Brasil após a recusa da legenda com a pasta. Há duas semanas, o próprio Planalto chegou a confirmar o nome do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) como o novo chefe do ministério, mas o parlamentar recuou após pressão da bancada na Câmara dos Deputados.
Na avaliação de interlocutores do petista, a recusa de Fernandes foi vista como um “desprezo” ao governo e abriu mais um capítulo da crise entre Lula e o partido liderado por Antônio Rueda. Com duas pastas no Planalto (Comunicações e Turismo), a legenda não entrega todos os votos necessários em pautas do governo e há quem defenda o abandono do União Brasil da base do governo.
Indicação de Alcolumbre
Com a desistência do União Brasil abriu o flanco para manter a pasta com o partido, mas com a indicação intermediada por um nome que pode sustentar a base de Lula no Congresso Nacional: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Para elevar as pautas de interesse do Planalto e segurar os projetos ideológicos, Lula resolveu pagar a fatura com mais um ministério a Alcolumbre.
Além de cargos em diretorias e estatais, a cota do presidente do Senado já tinha sido atendida na indicação de Waldez Góes, ministro do Desenvolvimento Regional, e um dos principais aliados de Davi Alcolumbre.
De quebra, o petista ainda tem sinalizado afagos públicos ao presidente do Congresso e o chamando para viagens internacionais. Nesta quinta-feira, por exemplo, Alcolumbre estará na comitiva que acompanhará o velório do Papa Francisco.