A escalada recente dos juros longos dos Treasuries pode fortalecer o argumento contra novos passos no processo de aperto monetário dos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, 9, dois dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) levantaram a tese de que o movimento na renda fixa reduz a necessidade de mais aumentos na taxa básica.

O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, indicou que a instituição atuará “cautelosamente” e levará em consideração a disparada nos rendimentos dos títulos públicos.

“Continuarei ciente do aperto nas condições financeiras através de rendimentos mais elevados dos títulos e terei isso em mente ao avaliar a trajetória futura da política”, afirmou, em evento na Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês).

Mais cedo, a presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan, também comentou que os elevados prêmios dos bônus de longo prazo potencialmente diminui a urgência de mais altas dos juros básicos. A dirigente, no entanto, alertou para a inflação ainda muito alta e evitou declarar vitória na busca pela estabilidade de preços.

Na sessão desta segunda, não houve negociações de Treasuries por conta do feriado do Dia de Colombo nos EUA. Ainda assim, a curva ampliou a precificação por uma “pausa permanente” no processo de arrocho monetário nos próximos meses, conforme mostrou plataforma de monitoramento do CME Group. A ferramenta antecipou a aposta majoritária por cortes de juros e agora aponta relaxamento já a partir de maio.

Em análise, o Citi chama atenção para os esforços de integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) para incorporar a tendência dos Treasuries nas considerações para a política monetária. Neste contexto, a ata da reunião mais recente, agendada para a quarta-feira, deve jogar luz sobre os próximos planos.