Dirigente do Fed defende política monetária paciente e cuidadosa, sem urgência para cortar juro

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Boston, Susan Collins, defendeu que a política monetária norte-americana deve seguir “paciente” e “cuidadosa”, em meio a incertezas relativas ao impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, na inflação. Em entrevista à CNBC nesta segunda-feira, 3, ela disse esperar que, em algum momento, a instituição volte a cortar juros, mas ponderou: “Não há urgência para fazer ajustes na política.”

A dirigente, que tem direito a voto nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), acrescentou que o Fed está “bem posicionado” para continuar monitorando os dados de maneira “holística”.

“É importante preservarmos ambos os lados do mandato duplo”, argumentou Susan Collins.

Efeito das tarifas

A presidente do Federal Reserve de Boston disse também que eventuais tarifas comerciais generalizadas dos EUA provavelmente elevariam os preços no país. Na entrevista à CNBC, porém, Collins alertou que a experiência limitada sobre o tema dificulta a previsão sobre o impacto final.

Collins explicou que as tarifas teriam efeito de curto prazo na inflação. Segundo ela, se apenas esse movimento rápido se concretizar, o Fed poderia tentar desconsiderá-lo na definição da política monetária. No entanto, ela advertiu que as medidas protecionistas também podem ter efeitos secundários, o que afetaria os preços de maneira mais duradoura.

A dirigente também especulou que as tarifas podem ter repercussões sobre a demanda, com menor busca por produtos importados. Ao mesmo tempo, poderia haver maior consumo de produtos domésticos mais facilmente substituíveis, acrescentou.

Para Collins, o mercado de trabalho segue saudável, a economia dos EUA está em “um bom lugar” e a tendência subjacente da inflação continua na direção correta. “Mas há incertezas”, ponderou.