O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Dallas, Robert Kaplan, voltou a defender a redução do programa de compra de ativos “mais cedo do que mais tarde”, antes do fim deste ano, e disse que o processo, conhecido como “tapering”, deve ocorrer de maneira gradual. Os comentários foram feitos durante entrevista à Bloomberg TV.

O Fed estabeleceu como condição para diminuição do relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) a ocorrência de “progressos substanciais” em direção aos objetivos de inflação e mercado de trabalho.

Para Kaplan, que não tem direito a voto nas reuniões deste ano, esses requisitos serão cumpridos antes do esperado. Na seara dos preços, o dirigente entende que já ocorreram progressos, mas ainda falta solucionar o déficit no que diz respeito ao emprego.

De acordo com o líder da regional do Fed, as pressões inflacionários estão ficando cada vez mais amplas na economia. Ele entende que parte delas será atenuada ao longo do ano, mas outros fatores serão mais duradouros.

Kaplan expressou preocupações com possíveis efeitos colaterais do QE, particularmente no mercado imobiliário residencial. Segundo ele, uma política monetária relaxada por um longo tempo cria desequilíbrios e incentiva a excessiva tomada de riscos. Na visão dele, diferentemente do que ocorreu no período subsequente à crise de 2008, a recuperação atual traz problemas não de demanda, mas de ofertas, para os quais o QE não é apropriado para resolver.

O dirigente apresentou um quadro otimista para a maior economia do planeta, apesar dos riscos relativos à disseminação da variante delta do coronavírus. No entanto, ele comentou que muitas empresas têm relatado dificuldades para encontrar trabalhadores. Kaplan projetou ainda que a produção de petróleo nos EUA subirá apenas de forma modesta este ano.