A dirigente conservadora da região de Madri, Cristina Cifuentes, figura importante do Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy, se encontrava nesta quarta-feira (4) em meio a uma tempestade política pela suposta falsificação de um título de pós-graduação.

“Você perdeu toda a credibilidade”, alfinetou a porta-voz parlamentar regional do partido esquerdista Podemos, Lorena Ruiz-Huerta, antes de pedir a renúncia de Cifuentes e criticar o PP como “um partido corrupto até a medula”.

A polêmica começou há duas semanas, qual o jornal digital eldiario.es publicou que a presidente madrilena, no cargo desde 2015, teria obtido um título de pós-graduação na universidade pública Rei Juan Carlos graças à falsificação das notas em duas matérias, informação que ela nega rotundamente.

Nesta quarta-feira, as acusações se agravaram quando outro veículo digital, El Confidencial, assegurou que duas assinaturas de um documento apresentado pela candidata para demonstrar que havia conseguido o título regularmente foram falsificadas.

Cifuentes compareceu nesta quarta ante o Parlamento regional para se defender, e assegurou energicamente que “nem seu currículo nem suas notas foram falsificados”.

“Todas as matérias, incluindo o trabalho final, foram qualificados e aprovados”, insistiu a presidente madrilena, que denunciou as acusações como “uma operação de descrédito”, e descartou uma renúncia.

No entanto, não mostrou seu trabalho final, que disse ter perdido em uma mudança e em cuja ausência se concentram as suspeitas de seus críticos.

Em declarações posteriores à imprensa, ela disse que não “podem exigir que esse trabalho apareça” e assinalou que a Universidade Rei Juan Carlos é que “tem a obrigação de tê-lo”.

As explicações de Cifuentes não convenceram a oposição. “Sua intervenção não acabou com as dúvidas razoáveis sobre o tema”, declarou o porta-voz parlamentar socialista Ángel Gabilondo.

O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, apoiou na terça-feira Cifuentes, apresentada pelo partido conservador como um elemento regenerador diante da corrupção no PP madrileno.

Segundo a informação revelada pelo eldiario.es, Cifuentes se matriculou em 2011 em uma pós-graduação de “Direito Autonômico”, mas não passou em duas matérias, uma das quais era a do trabalho final, por não ter apresentado.

Em 2014, no entanto, quando Cifuentes surgiu como candidata conservadora à presidência regional, a administração da universidade mudou o “não apresentado” nessas duas matérias por notas 7,5 de 10, segundo a versão do eldiario.es. Essa mudança de notas teria permitido que obtivesse o título.