Cúpula da legenda afirma ser necessário ampliar a “base social” da campanha presidencial. Ambos devem aparecer juntos em ato público no dia 7 de maio para lançar pré-candidatura. Chapa só será formalizada em junho.O diretório nacional do PT aprovou nesta quarta-feira (14/04) a indicação do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a campanha deste ano ao Palácio do Planalto.

O órgão concluiu que era necessário “buscar ampliar o apoio a Lula em outros setores políticos e sociais do campo democrático”, e que a aliança com o PSB “confirmará nossa disposição de, no governo, implementar um programa de reconstrução e transformação do Brasil, ampliando nossa base social”, segundo a resolução aprovada pelo diretório.

O PSB havia oficializado a indicação do ex-governador à chapa com Lula em 8 de abril.

A indicação de Alckmin para vice foi apoiada por 68 membros do diretório nacional do PT. Outros 13 integrantes votaram contra Alckmin na vice, mas a favor da aliança com o PSB, e três foram contra ter o ex-governador na chapa e contra a composição com o PSB.

Pesquisa Ipespe sobre a corrida presidencial divulgada em 6 de abril registrou 44% das intenções de voto para Lula, enquanto o presidente Jair Bolsonaro pontuou 30%. A margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais.

O petista manteve o mesmo percentual que o do levantamento anterior do Ipespe, divulgado em 25 de março, enquanto Bolsonaro subiu quatro pontos percentuais. Nesse período, o ex-juiz Sergio Moro desistiu de sua pré-candidatura.

Federação partidária

Na mesma reunião, o diretório nacional do PT também foi aprovada a criação de uma federação partidária com o PCdoB e com o PV, mecanismo que será aplicado pela primeira vez nas eleições deste ano, segundo o qual as legendas funcionam como uma única no Congresso por pelo menos quatro anos.

O PCdoB já havia aprovado aderir à federação partidária, e falta o PV referendar o mesmo. A criação da federação também ainda precisa ser validada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Além de PSB, PCdoB e PV, a chapa de Lula e Alckmin também deverá ter apoio do PSOL e da Rede, e há negociações para atrair apoio do Solidariedade.

A legenda planeja um ato público para o dia 7 de maio com Lula e Alckmin para o lançamento da pré-candidatura. Tanto a aliança com o PSB como a federação partidária também devem ser ainda confirmadas pelo encontro nacional do PT, em 4 e 5 de junho.

Aproximação entre ex-adversários

Alckmin permaneceu filiado ao PSDB por 33 anos e se desligou da legenda no final de 2021, após um longo processo de afastamento motivado pela ascensão do atual governador de São Paulo, João Doria – ex-protegido de Alckmin –, sobre a máquina partidária. Doria foi escolhido pelo PSDB para ser pré-candidato a presidente neste ano.

No final de 2021, veio a público a articulação de Lula para ter Alckmin como vice. O objetivo do petista ao atrair o ex-tucano é reduzir a resistência de eleitores conservadores à sua chapa e aumentar as chances de vitória sobre Bolsonaro. Nesse cálculo, a experiência e o trânsito político de Alckmin também poderiam elevar a governabilidade de uma nova gestão Lula caso ele seja eleito. Do lado de Alckmin, ele ganha projeção e influência política se for eleito vice-presidente e poderia se gabaritar para novos mandatos eletivos.

bl (ots)