Diretor do Rio Open minimiza críticas à chave e volta a sugerir mudança para quadra dura

O diretor do Rio Open, Luiz Carvalho, minimizou neste domingo às críticas à chave do torneio, marcado por desistências de última hora e apenas um Top 20 do ranking. Ele lamentou as baixas e afirmou que a organização está na busca por mudar o piso para quadra dura no futuro, o que, na sua avaliação, atrairia mais tenistas renomados para a competição de nível ATP 500.

O Rio Open virou alvo de críticas nos últimos dias após duas desistências de peso, as do dinamarquês Holger Rune, 12º do mundo, e do italiano Lorenzo Musetti, 17º. A chave ficou ainda mais esvaziada com a queda precoce de João Fonseca, maior atração da edição, na primeira rodada. Por fim, o maior candidato ao título, o alemão Alexander Zverev, número dois do mundo, foi eliminado nas quartas de final.

“Não vou rebater as críticas. Da nossa parte, tentamos contornar fazendo com que tenhamos o melhor ‘line up’ possível. As baixas do Musetti e do Rune abriram muito a chave, além da derrota do João na primeira rodada. Acaba que as quartas de final não foram da expectativa do público quanto ao nível dos jogadores”, comentou Carvalho.

O diretor do torneio atribuiu em parte a falta de mais jogadores do Top 20 ao piso em que o Rio Open é disputado. “Se você me perguntar se eu queria que nossas quartas de final fossem mais parecidas com as quartas de Doha, eu gostaria, sim. Mas na nossa realidade, jogando um torneio de saibro em fevereiro, é mais desafiador trazer essas grandes estrelas.” O ATP 500 disputado no Catar contou com cinco tenistas do Top 10 do ranking, também nesta semana.

“Fazemos o possível para contornar essa situação e pedimos desculpas às pessoas que não estão contentes com nossas quartas. Mas tem coisas que não podemos controlar. Ter muitos jogadores conhecidos também não garante quartas com cabeças de chave porque podem perder cedo”, ponderou.

Para Carvalho, o melhor caminho para atrair mais tenistas do Top 10 é mudar o piso do torneio carioca no futuro. “Eu acredito muito que abriria um caminho para trazer mais jogadores, haveria mais opções. O saibro é um fator que dificulta bastante para trazer os principais tenistas, que estão cada vez mais profissionais. Começar no piso duro no Aberto da Austrália e vir para o saibro é algo que os jogadores fazem cada vez menos. No passado, era normal trocar de piso a cada semana. Os tenistas não tinham esse nível de preocupação. Hoje em dia eles são mais profissionais em relação a isso”, explicou.

“Os pisos estão cada vez mais semelhantes. A quadra dura ofereceria um cartel maior de jogadores para nós. Isso seria bom para o crescimento do evento. Então, sim, vamos continuar puxando isso. É uma questão que envolve vários fatores. Mas estamos em discussão para poder fazer isso acontecer”, completou Carvalho.

De acordo com o diretor do torneio, o tênis sul-americano não precisa ficar preso às tradições do saibro. “Eu sou muito crítico com essa questão de calendário. Acho que o tênis sul-americano não perderia se os torneios fossem para a quadra dura. Existe essa narrativa da história do Guga, do (Marcelo) Ríos, por terem brilhado no saibro. Acho que hoje em dia os jogadores latino-americanos são jogadores de quadra dura, como o João Fonseca e o Francisco Cerundolo.”

Carvalho afirmou também que uma mudança de piso no Rio não dependeria da mesma alteração nos demais torneios sul-americanos, caso dos ATPs 250 de Buenos Aires e Santiago. “Independente de Buenos Aires, poderíamos ir sozinhos para a quadra dura. Somos um ATP 500, existe uma hierarquia e uma preferência. Poderia haver dois circuitos sul-americanos, um de saibro e outro de quadra dura, em outra data. Temos conversas entre os torneios, somos muito alinhados quanto a piso, mas, se não concordamos, nada impede de irmos em direções opostas.”