O médico responsável pelo hospital em Omsk (Sibéria) onde o opositor russo Alexei Navalny foi brevemente tratado em agosto após passar mal em um avião foi nomeado ministro regional da saúde, anunciaram as autoridades locais neste sábado (7).
No final de agosto, o principal opositor russo sofreu um grave mal-estar durante um voo na Sibéria. Depois de dois dias internado no hospital de Omsk, recebeu autorização para ser tratado na Alemanha, pressionado por seus familiares.
Segundo três laboratórios europeus, cujas conclusões foram confirmadas pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAC), Navalny foi envenenado por um agente neurotóxico do grupo Novichok, uma substância criada por especialistas soviéticos com fins militares.
O Dr. Alexander Murakhovsky foi um dos médicos russos que afirmou não ter encontrado nenhum vestígio de veneno no organismo de Alexei Navalny e que se opôs à sua transferência para Berlim.
Em nota, o governo da região de Omsk garante que Murakhovski, de 49 anos, “subiu todos os degraus profissionais, conhece e entende como médico e diretor todos os processos que ocorrem nos serviços de saúde”.
Sua candidatura ao cargo de ministro regional foi aceita “pela direção do Ministério da Saúde russo”, acrescenta o comunicado.
Na sexta-feira, a polícia russa afirmou que Alexei Navalny entrou em coma porque sofria de “pancreatite” aguda, sugerindo “distúrbios do metabolismo glicídico, pancreatite crônica com comprometimento” de certas funções.
O opositor, que ainda está sendo tratado na Alemanha, acusou diretamente o presidente russo, Vladimir Putin, de estar por trás do envenenamento. Moscou rejeitou essa acusação “inaceitável”.
As autoridades russas acusaram inclusive os serviços ocidentais, os familiares de Navalny e o próprio Navalny de terem provocado essa situação.
“O elevador social de Putin. Você mente, falsifica os resultados das análises, está pronto para servir os chefes de qualquer forma e recebe uma recompensa, uma promoção”, reagiu Navalny, de 44 anos, no Twitter.
Ele disse lamentar que “os serviços de saúde de uma região de dois milhões de habitantes (estejam) nas mãos de um mentiroso que não entende de medicina”.
O suposto envenenamento de Navalny prejudicou ainda mais as relações entre a Rússia e o Ocidente. A União Europeia sancionou, assim, seis altos funcionários russos em conexão, segundo Bruxelas, com este caso.