David Howman, diretor da Agência Mundial Antidoping (Wada), admitiu que os problemas identificados no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) eram “preocupantes” e afirmou que não acredita que possam ser solucionados até o dia 5 de agosto, data da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos do Rio. Nesta sexta, a Wada descredenciou o LBCD, sem dar maiores detalhes dos problemas.

O LBCD é o antigo Ladetec, que em 2013 perdeu seu credenciamento junto à Wada após uma série de “falsos positivos”, quando o resultado de um exame antidoping dá positivo incorretamente. Ele foi reaberto em maio do ano passado. Só para a compra de novos equipamentos, materiais e operação foram destinados R$ 54 milhões pelo Ministério do Esporte.

Agora, o custo para realizar o transporte das amostras até Lausanne, na Suíça, pode chegar a milhões de dólares. Na Copa, com um número muito inferior de atletas, os gastos foram de US$ 250 mil.

Em termos operacionais, o descredenciamento promete ser uma dor de cabeça para a agência internacional. “Todas as amostras ainda não examinadas e todas aquelas sendo submetidas aos procedimentos de confirmação A e B e todas as amostras onde existe um resultado analítico devem ser transportadas com segurança para um laboratório credenciado pela WADA assim que possível e no máximo em 14 dias”, alertou a Wada nesta sexta-feira.

Procurado, o COI não deu uma resposta ainda sobre o caso. A entidade tem sido alvo de uma forte pressão depois que, por conta de revelações de jornais alemães e americanos, a entidade teve de agir e suspender atletas russos dos Jogos.

No início da semana, o presidente do COI, Thomas Bach, garantiu que iria adotar uma postura de tolerância zero com o doping no Rio. Mas, questionado sobre o preparativo dos Jogos e a crise no Brasil, ele insistiu que confiava na capacidade dos brasileiros em realizar o evento.

Com o descredenciamento do LBCD, um Comitê de Disciplina será criado e vai reavaliar o caso. Mas, segundo a Wada, a suspensão tem efeito “imediato” e pode durar até seis meses. De acordo com a agência, todas as federações nacionais e autoridades locais já foram notificadas.

Se não houver uma solução até o dia 5 de agosto, na abertura dos Jogos, a Wada terá de transportar diariamente as amostras de sangue e urina dos atletas até Lausanne, na Suíça, para que sejam testadas. Uma operação similar ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014.