O diretor da Agência Russa Antidoping (RUSADA), Youri Ganus, acredita em uma manipulação voluntária dos dados do laboratório de Moscou enviados à Agência Mundial Antidoping (AMA) e espera sanções “muito duras”, afirmou em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pela revista alemã Der Spiegel.

“As modificações dos dados são tão grandes e significativas, que não são fruto do acaso”, avaliou Ganus, nomeado em 2017 à frente da RUSADA com o objetivo de restaurar sua credibilidade após a revelação de um sistema de doping que envolvia vários níveis do Estado russo.

A Rússia transmitiu os dados de seu laboratório de Moscou no começo do ano, o que permitiu em um primeiro momento vislumbrar uma saída para a crise provocada pelo escândalo de doping institucionalizado implantado entre 2011 e 2015.

Mas, no final de setembro, a AMA deu um prazo de três semanas para que a Rússia explicasse “incoerências” constatadas nesses dados, suspeitando que haviam sido manipulados, especialmente para apagar testes positivos.

Segundo um comunicado que a AMA publicou nesta quarta, Moscou respondeu a cerca de trinta pedidos de explicações, que serão agora analisados por peritos.

Para Ganus, “não se trata de apagamento de dados, mas de que foram adulterados ou tiveram suas datas modificadas em alguns locais. Alguém tentou ocultar massivamente estas informações. Também poderia se tratar de nomes de esportistas”, explicou ao Spiegel.

Ganus revelou também que as modificações não remontam a muito tempo atrás. “Estamos falando de meses, as últimas mudanças remontam ao período entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019”.

“As sanções vão ser muito duras, porque não é a primeira vez que a Rússia viola as regras. A participação da Rússia nos Jogos de Tóquio-2020 (verão) e de Pequim-2022 (inverno) estão em jogo. Pelo menos”, adverte.

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