A direita populista liderou com folga as eleições legislativas deste domingo (22) na Suíça, em um contexto de crise migratória e preocupação com o risco de atentados na Europa.

Segundo nova projeção do instituto gfs.bern, a União Democrática do Centro (UDC, direita), que fez campanha contra “a imigração em massa”, reforçou sua posição de principal formação política do país, com cerca de 29% dos votos no Conselho Nacional (câmara baixa do Parlamento).

“A situação na Suíça é grave, temos uma imigração em massa, grandes problemas com pessoas que solicitam asilo. A situação em termos de segurança não é a de antes”, disse neste domingo Thomas Aeschi, líder da bancada parlamentar da UDC, à AFP.

O país, de 8,8 milhões de habitantes, renova os 200 deputados de seu Conselho Nacional, a câmara baixa, e os 46 senadores do Conselho de Estados, da câmara alta.

Representando os cantões da Suíça, o Conselho de Estados está dominado pelo Centro e pelo PLR. As eleições, que são decididas por maioria de votos em cada distrito eleitoral, quase não alteram a sua composição.

Os resultados definitivos devem ser divulgados até a manhã desta segunda-feira (23), mas os números não devem ser muito diferentes.

Atrás da UDC ficaram os socialistas (PS), com 17,5% dos votos, um aumento muito leve. Os partidos de direita Centro e Partido Liberal Radical (PLR) disputariam o terceiro lugar, com 14,6% dos votos; enquanto os Verdes cairiam para 9%, e os Verdes-Liberais, para 7%.

“Será mais difícil lutar pelo poder de compra, pela igualdade e pela política climática”, disse à AFP Cédric Wermuth, um dos presidentes do partido socialista.

“Temos um avanço muito forte da extrema direita da UDC”, observou Lisa Mazzone, atual senadora pelos Verdes, ressaltando que as eleições foram convocadas “em um contexto duro, de violência, de medo”.

– Neutralidade –

A UDC defendeu em sua campanha a “neutralidade estrita” da Suíça e criticou o alinhamento do governo com as sanções contra a Rússia implementadas pela União Europeia, da qual não faz parte.

Entretanto, enfatizou sua posição contra “a imigração em massa”, à qual atribui muitos problemas como a criminalidade, o aumento das despesas sociais ou a elevação do consumo de energia.

“Recebemos um mandato muito claro da população suíça: colocar sobre a mesa temas importantes para ela, como a imigração ilegal e um abastecimento de energia seguro”, disse o presidente da UDC, Marcho Chiesa.

O discurso do partido seduz a população suíça, uma das mais ricas do mundo. O país tem um PIB per capita elevado e uma taxa de desemprego que ronda os 2%, mesmo com escassez de mão de obra em alguns setores da economia.

A meta da UDC é chegar a 30% dos votos, um resultado nunca alcançado, disse Chiesa à AFP.

Após as eleições, os parlamentares nomearão os membros do Conselho Federal (o governo suíço), no dia 13 de dezembro. Os quatro partidos mais votados dividem as sete pastas ministeriais.

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