Direita critica comercial de Havaianas com Fernanda Torres e pede boicote

'Não quero que você comece 2026 com o pé direito', diz atriz em campanha publicitária

Reprodução/Instagram
Fernanda Torres em comercial da Havaianas Foto: Reprodução/Instagram

Uma campanha publicitária da marca de chinelo Havaianas virou alvo de crítica política no último fim de semana. Isso porque Fernanda Torres, atriz escolhida para protagonizar a propaganda veiculada na TV aberta, endossa o discurso da marca de que não deseja que o público entre no ano de 2026 com o pé “direito”, mas sim, com os dois pés. Não demorou muito para que alguns políticos e militantes de direita começassem a se sentir atacados pelo comercial e iniciassem uma espécie de boicote à marca.

Na propaganda, a vencedora do Globo de Ouro 2025 pelo filme “Ainda Estou Aqui” – em que fala sobre o período da ditadura militar no Brasil -, diz: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não, não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o Ano Novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés”.

A fala foi vista com tom de maldade por direitistas, que não gostaram do tom da propaganda. O deputado bolsonarista e vice-líder da Oposição na Câmara dos Deputados Rodrigo Valadares (União-SE) usou sua conta no X (antigo Twitter) para atacar a propaganda: “Havaianas faz campanha política explícita contra a direita. Seguimos firmes na defesa de Deus, pátria, família e liberdade. Por aqui, vamos de Rider, Ipanema, Crocs e outras”.

Já o vereador Rubinho Nunes (União-SP) afirmou: “Havaianas escancarou de vez o viés ideológico ao atacar o ‘pé direito’. Nada de surpresa: a marca pertence ao grupo da família Moreira Salles, a mesma que bancou o filme ‘Ainda Estou Aqui’. Transformaram um símbolo brasileiro em panfleto político. Escolheram o pé esquerdo, e o Brasil segue atolado na lama”.

A vereadora gaúcha Mariana Lescank (PP-RS), por sua vez, completou: “As Havaianas: pertencem a esquerdistas (família Salles); contratam esquerdistas (Fernanda Torres); discurso esquerdista (sem pé ‘direito’). Então vamos de Rider, Ipanema, Cartago, Olympikus e Crocs, e deixamos as Havaianas para os esquerdistas”.

Polêmica com SBT

Há cerca de uma semana, quem também foi alvo de militantes da direita foi o SBT. A emissora de Silvio Santos, que segue sendo comandada por suas filhas, foi acusada de estar “mudando de lado” após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, terem sido convidados para um evento de lançamento do canal SBT News.

+ O que se sabe sobre a polêmica entre Zezé Di Camargo e o SBT

Os ânimos foram acalmados após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) participar do “Programa do Ratinho”, no entanto, alguns artistas, como Zezé Di Camargo, tentaram o boicote à emissora. O cantor sertanejo, que havia gravado um especial de fim de ano para ser exibido no canal, pediu para que não fosse ao ar a atração, após saber que o presidente da república havia ido ao SBT. Ele ainda disse, em um vídeo de desabafo, que as herdeiras de Silvio Santos estariam “prostituindo o SBT” ao aceitarem receber as figuras políticas no canal e indo contra o que o pai delas sempre defendeu.

A emissora soltou uma carta de repúdio e baniu Zezé da emissora. O cantor, então, pediu desculpas, mas o SBT não voltou atrás na decisão e substituiu o especial do sertanejo por um episódio inédito de “Chaves”.

Post de Zezé Di Camargo pedindo desculpas ao SBT – Reprodução/Instagram.