ROMA, 18 AGO (ANSA) – Dois candidatos conservadores disputarão um inédito segundo turno nas eleições presidenciais na Bolívia, país governado há 20 anos pelo Movimento ao Socialismo (MAS), que pagou o preço da crise econômica e da fratura entre o ex-presidente Evo Morales e o governo do atual mandatário Luis Arce.
O senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), surpreendeu e liderou o primeiro turno com 31,7% dos votos, resultado não previsto por nenhuma pesquisa. No segundo turno, em 19 de outubro, ele enfrentará o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia (Libre) e que tem 27,2%.
Já o empresário conservador Samuel Doria Medina, que aparecia na liderança da maioria das sondagens, ficou em terceiro, com 19,9%. O candidato de esquerda mais bem colocado foi o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, com 8,2%, enquanto o postulante oficial do MAS e do governo Arce, Eduardo Del Castillo, foi apenas o sexto, com 3,2%.
Já a campanha de boicote promovida por Morales produziu números expressivos: foram 1,4 milhão de votos nulos e em branco, cerca de 22% do total de eleitores que compareceram às urnas. Quando se considera também as abstenções, o número chega a 2,9 milhões, ou 37% do eleitorado.
O ex-líder indígena inaugurou a era socialista na Bolívia em 2005, mas foi impedido pela Justiça de concorrer novamente e diz que o processo eleitoral é “ilegítimo”. Ele é alvo de um mandado de prisão por suspeita de tráfico sexual envolvendo uma menor de idade e está foragido em seu reduto em Cochabamba.
“A Bolívia pede não apenas uma mudança de governo, mas também uma mudança de sistema político”, disse o senador Paz. “Terminou uma longa noite de décadas”, reforçou Quiroga. (ANSA).