A direita espanhola manifestou-se neste domingo (13) em Madri contra a intenção do presidente do governo, Pedro Sánchez, de perdoar os dirigentes catalães presos pela tentativa de secessão de 2017.

Entre bandeiras da Espanha e sob um forte sol, cerca de 25.000 pessoas, segundo a polícia, manifestaram-se na Plaza de Colón contra o esperado gesto do socialista Sánchez, que reativou a polarização herdada pela escalada da independência.

Do lado da oposição marcaram presença o líder do conservador Partido Popular, Pablo Casado, e o da extrema direita Vox, Santiago Abascal.

“Peço a Pedro Sánchez que tome nota, porque vai perdoá-los (os separatistas), mas os espanhóis não vão perdoá-lo”, disse José Luis Martínez Almeida, prefeito de Madri e porta-voz do PP, que recolheu assinaturas contra esta iniciativa.

“Sánchez não tem o direito de querer perdoar essas pessoas que causaram tantos danos à Catalunha”, disse à AFP Pilar Sáenz, uma mulher de 54 anos que veio da cidade catalã de Tarragona com mais quatro amigas “pressionar o governo”.

Embora o executivo não tenha dado mais informações, tudo indica que os indultos chegarão antes de agosto.

“O que Sánchez quer é permanecer no poder a qualquer custo”, disse Pablo Martínez, um manifestante que veio de Oviedo (450 km ao norte) com sua esposa e filha.

O Supremo Tribunal Federal, órgão que condenou as lideranças catalãs em outubro de 2019, também expressou sua insatisfação.

Nas últimas semanas, Sánchez foi obrigado a um exercício de pedagogia para defender a medida, ciente da relutância que desperta entre os eleitores socialistas. “Peço que tenham confiança. Peço compreensão e magnanimidade porque o desafio que temos pela frente, de semear a convivência, vale a pena”, disse esta semana.

Dos doze condenados pelo Supremo Tribunal Federal, nove cumprem penas de entre 9 e 13 anos de prisão.

Entre eles Oriol Junqueras, líder do separatista Esquerda Republicana (ERC), um importante aliado do governo espanhol no Congresso.

Em carta enviada a dois meios de comunicação na segunda-feira, Junqueras fez uma autocrítica sobre a tentativa separatista de 2017.

“Devemos ser conscientes de que nossa resposta não foi entendida como plenamente legítima por uma parte da sociedade”, escreveu Junqueras, renunciando ao caminho unilateral e defendendo um referendo acordado como na Escócia, que o governo rejeita como contrário à Constituição.

“Acho que todos os líderes da independência estão cientes de que esta é uma decisão muito cara para o Partido Socialista, porque a maioria na Catalunha é a favor dos indultos, mas a maioria na Espanha é contra”, disse Ana Sofia Cardenal, professora de Ciências Políticas na Universidade Aberta da Catalunha (UOC).

A ala mais radical do movimento de independência – onde está o partido do ex-presidente regional Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica – não renuncia, porém, à via unilateral e é inflexível em seu pedido de anistia aos condenados, que o governo também não contempla.

No extremo oposto, a direita optou por se manifestar neste domingo na Plaza de Colón de Madri, o mesmo cenário onde milhares de pessoas se reuniram em fevereiro de 2019, dois dias antes do início do julgamento contra os independentistas.

Agora, porém, ninguém quis repetir a foto daquele dia, em que Casado, Abascal e o então chefe dos liberais do Ciudadanos, Albert Rivera, apareceram juntos.