Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendem um tom mais moderado nas falas do ex-presidente para mitigar danos à sua imagem após o atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ocorrido na última quarta-feira, 13. Avaliam que adotar um discurso mais ao centro pode ajudar a reduzir associações negativas em casos semelhantes.

Desde o atentado, governistas têm tentado vincular a imagem do autor do ataque, Francisco Wanderley Luiz, aos atos de 8 de janeiro. Além disso, parte da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca associar o episódio a Bolsonaro, já que Luiz é apoiador do ex-presidente e foi filiado ao PL em 2020.

Na visão da cúpula bolsonarista, o atentado não representa um risco significativo de desgaste imediato para Bolsonaro, mas há preocupações quanto a possíveis futuros episódios e com as investigações sobre os ataques de 8 de janeiro. Embora o ex-presidente não seja o foco central, ele é investigado no inquérito como suposto mentor intelectual das invasões aos Três Poderes.

Aliados ressaltam a necessidade de “pacificação” para minimizar os danos em situações semelhantes e evitar polêmicas envolvendo temas mais sensíveis. Um discurso mais moderado é visto como uma estratégia para reduzir associações com atos extremistas e melhorar a imagem de Bolsonaro junto ao Centrão. Mesmo com o apoio de boa parte do Congresso à direita, há uma percepção de que o ex-presidente precisa moderar suas falas com vistas às eleições de 2026.

Outro fator que reforça a necessidade de moderação é o processo de inelegibilidade. Aliados mantêm a esperança de reversão das penas impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acreditam que sinais mais conciliadores podem facilitar articulações para que Bolsonaro seja o adversário de Lula nas próximas eleições.

PL da Anistia prejudicado — mas nem tanto

Aliados de Bolsonaro também defendem uma postura mais moderada para garantir a tramitação do PL da Anistia na Câmara dos Deputados no início do próximo ano. O projeto, que prevê perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, é uma das principais bandeiras do ex-presidente no Congresso.

Desde o atentado, governistas e alguns parlamentares de centro têm pressionado pelo arquivamento da proposta. Um relatório foi elaborado pelo deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), mas acabou sendo revisado após o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), criar uma comissão especial para debater o tema.

“Não vejo o 8 de janeiro como atentado, e havia infiltrados. O caso do atentado ao STF não tem ligação com o 8 de janeiro. Não acredito que isso vá influenciar na tramitação do PL da Anistia”, afirmou.

Apesar do otimismo, a cúpula bolsonarista reconhece que o atentado pode atrasar momentaneamente a tramitação do projeto. Para os parlamentares, o tema está em alta agora, mas deve perder força nas próximas semanas. Além disso, eles destacaram o compromisso de Hugo Motta (Republicanos-PB) com o PL em troca de apoio à sua candidatura à presidência da Câmara. Ainda assim, avaliam que o projeto tem chance de ser aprovado até o primeiro semestre do próximo ano.