A maison Dior celebrou a intrincada história do bordado e da alta costura em um desfile nesta segunda-feira (24) no qual dominaram os tons monocromáticos e a pureza das linhas.

“Sou obcecada pelo bordado, é muito pessoal, sou italiana, toda a minha vida vi mulheres bordar: minha avó, minhas tias, minha mãe… Sempre me fascinou, é toda uma linguagem com a qual as mulheres se expressam”, explica à AFP Maria Grazia Chiuri, diretora artística da coleção feminina da Dior.

Malhas e inclusive meias são bordadas na casa parisiense, mas sua novidade mais importante está nos vestidos: os bordados não se adicionam à peça final, mas desde o princípio, de forma que a vestimenta é construída gradativamente, sem costuras.

A última coleção prêt-à-porter era colorida e vistosa, mas neste desfile primavera/verão predominam o branco e o cinza. A silhueta é alongada e simplificada, distanciando-se dos vestidos centrados e ajustados.

Os casacos não têm forro, mas usa-se a técnica da “dupla face”, que consiste em abrir o primeiro tecido e inserir o segundo dentro.

– 380 bordadeiras em Mumbai –

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A paleta sóbria dos vestidos contrasta com a exuberância da decoração multicolorida no museu Rodin de Paris, onde foi realizado o desfile.

A decoração reproduziu, através dos bordados, o trabalho feito pelos artistas indianos Madhvi Parekh e Manu Parekh, que ressaltam a dicotomia masculino/feminino.

Esta é a terceira vez que a decoração destes desfiles é realizada pela escola Chanakya em Mumbai, onde as jovens indianas aprendem a bordar, algo excepcional na Índia, onde normalmente o ofício é transmitido de pai para filho.

É uma decisão cuidadosamente tomada por Maria Grazia Chiuri, que até queria trazer estas artesãs para o desfile, um projeto frustrado pela covid-19.

“É uma honra para elas ter essa visibilidade internacional”, diz à AFP Karishma Swali, fundadora e diretora da escola.

Após uma formação de 18 meses, essas bordadeiras começam no ofício. A colaboração com a Dior “é uma oportunidade incrível com a qual sequer podiam sonhar”, acrescenta.

A instalação no museu Rodin será aberta ao público na semana que vem. Sua realização precisou de 380 bordadeiras, durante três meses.

Além da decoração, diversas peças da coleção Dior foram bordadas pela escola Chanakya.

“É muito importante mencionar os artesãos, é crucial para a alta costura. Temos que mostrar o vínculo entre o trabalho artístico e o artesanal”, diz a estilista-chefe da Dior.

“Ninguém sabe ainda quantas empresas vão sobreviver à crise. Não são operários que possam ser substituídos facilmente. Para a Dior, é prioritário apoiá-las”, acrescenta.


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