Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Dino barra entrevista de Marcinho VP, chefe do Comando Vermelho, à TV Record

Flávio Dino afirmou que decisão da Justiça Federal do MS não descumpriu preceitos do STF sobre liberdade de imprensa

Flávio Dino
Ministro Flávio Dino durante julgamento da trama golpista Foto: Rosinei Coutinho/STF

Flávio Dino negou nesta segunda-feira, 3, o pedido feito por Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, líder do Comando Vermelho, e pelo jornalista Roberto Cabrini para que Marcinho pudesse conceder uma entrevista à TV Record dentro da Penitenciária Federal de Campo Grande.

Como mostrou a coluna, o pedido ao Supremo foi protocolado na segunda-feira, 27 — antes, portanto, da operação da polícia do Rio de Janeiro contra o CV, que deixou ao menos 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte carioca.

Dino rejeitou a alegação da defesa de Marcinho e Cabrini, segundo a qual a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul incorreu em censura prévia ao barrar a entrevista do traficante ao jornalista. O conteúdo seria veiculado no “Domingo espetacular”.

O ministro apontou que essa decisão da 5ª Vara Federal de Campo Grande não violou o entendimento do STF sobre liberdade de imprensa. Dino destacou que a Justiça não impôs controle editorial ou proibiu a veiculação de informações ou matérias jornalísticas, condições em que ocorreria violação aos preceitos fixados pelo Supremo.

“[A decisão] limitou-se a indeferir o pedido de ingresso de jornalista em estabelecimento prisional federal de segurança máxima, com fundamento na necessidade de preservação da ordem, da disciplina e da segurança internas, bem como na proteção do próprio preso contra exposição sensacionalista”, pontuou Flávio Dino.

Reprodução/ Record TV

Sem enxergar descumprimento aos precedentes do STF, Dino afirmou ainda que a decisão da Justiça Federal que rejeitou a entrevista deve ser questionada por meio de recursos às instâncias inferiores — e não diretamente no Supremo.

“Trata-se, portanto, de decisão proferida no âmbito da execução penal, voltada ao resguardo da segurança pública e à manutenção da estabilidade do sistema penitenciário federal, o que não se confunde com restrição à liberdade de imprensa em sentido constitucional”, decidiu o ministro.

A defesa argumentava que a conversa entre Cabrini e Marcinho teria regras pré-estabelecidas e seria destinada a ouvir o líder do CV sobre “a própria prisão, seu anseio pela liberdade, bem como as emoções e sentimentos decorrentes do sucesso de seu filho, o artista Oruam, e o desejo pessoal de um pai de poder, um dia, assistir a uma apresentação do próprio filho”. As recentes prisão e soltura de Oruam pela Justiça do Rio também seriam abordadas na entrevista.