Dinamarca indeniza 4 pessoas por problemas de visão ligados a Ozempic e Wegovy

Quatro pessoas que desenvolveram graves condições oculares na Dinamarca após usarem o medicamento para perda de peso Wegovy e o remédio para diabetes Ozempic têm direito a receber indenização, informou, nesta sexta-feira (21), uma associação independente que decide sobre compensações médicas.

Mais de 40 pessoas solicitaram indenização após alegarem ter desenvolvido uma grave condição ocular como consequência do uso de um dos medicamentos, ambos fabricados pela Novo Nordisk, segundo a Associação Dinamarquesa de Compensação ao Paciente.

A condição ocular, conhecida como NAION (neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica), consiste em uma falta de fluxo sanguíneo ao nervo óptico, o que pode causar perda de visão.

O órgão informou que, até o momento, resolveu cinco casos e determinou que quatro dos pacientes tinham direito a uma indenização.

Os casos eram difíceis de avaliar devido ao fato de se tratarem de medicamentos novos e os pacientes já apresentarem um maior risco de desenvolver NAION, explicou em comunicado a diretora da Patient Compensation, Karen-Inger Bast.

No total, os quatro pacientes receberão 800.000 coroas (656 mil reais, na cotação atual), mas a associação destacou que o valor pode aumentar dependendo do impacto que a condição tenha em suas vidas no futuro.

As indenizações médicas na Dinamarca geralmente são pagas pelas autoridades de saúde.

No ano passado, a Agência Dinamarquesa de Medicamentos solicitou a um órgão europeu de controle médico que revisasse um estudo dinamarquês que mostrava uma relação entre a semaglutida, o ingrediente ativo do Ozempic e do Wegovy, e a NAION.

Em junho, esse órgão de controle, o PRAC (Comitê para Avaliação de Riscos em Farmacovigilância), concluiu que a NAION era um efeito colateral “muito raro” da semaglutida, afetando 1 em cada 10.000 usuários.

A Novo Nordisk afirmou ter revisado a decisão da Associação Dinamarquesa de Compensação ao Paciente.

Em uma declaração enviada à AFP, a farmacêutica informou que, após as conclusões do PRAC, as bulas de todos os produtos com semaglutida foram atualizadas para incluir a NAION como uma reação “muito rara”.

Acrescentou, no entanto, que o “perfil benefício-risco da semaglutida continua favorável”.

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