A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que vai processar cível e criminalmente o presidente Jair Bolsonaro após declaração dele em viagem aos Estados Unidos. Bolsonaro disse, durante entrega do prêmio ‘Personalidade do Ano’, da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que Dilma teve “mãos manchadas de sangue na luta armada”. A ex-presidente disse que a declaração é “mentirosa e caluniosa”. As informações são do jornal O Globo.

“Quem até há pouco ocupava o governo tinha suas mãos manchadas de sangue da luta armada, matando inclusive um capitão, como eu. Eu rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler, um herói americano. Talvez um pouco esquecido na história, mas que escreveu sua história passando pelo Brasil”, afirmou Bolsonaro, sem citar o nome da ex-presidente.

Dilma, entre 1967 e 1972, militou em duas organizações de luta armada contra a ditadura, usando documentos falsos para fugir da polícia. Ela foi presa, torturada e ficou três anos na cadeira, mas não há registros de que participação direta em ações armadas. Em nota, divulgada nesta quinta-feira, ela respondeu o presidente da República.

“Durante a resistência à ditadura – e muito menos no período democrático –, jamais participei de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja. A própria Justiça Militar – as auditorias, o STM e até o STF – em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato. Os autos respectivos documentam isso. Ao contrário dos heróis e homenageados pelo senhor Bolsonaro que, durante a ditadura e depois dela, tiveram suas mãos manchadas do nosso sangue – militantes brasileiros e brasileiras – pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós”, declarou Dilma.

“Minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia, da justiça social e da soberania nacional. Foi esta luta que me levou à Presidência da República, cargo que honrei representando dignamente meu País, sem me curvar a qualquer potência estrangeira, respeitando todas as nações, da mais empobrecida à mais rica”, completou, em nota, a ex-presidente.

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