DECEPÇÃO Dilma tinha assessor delatado como um filho
DECEPÇÃO Dilma tinha assessor delatado como um filho

As delações da Odebrecht apontam que Dilma Rousseff sabia que sua campanha foi bancada com dinheiro de propina e paga no caixa dois. Aparentemente, isso não a perturbava, afinal, era assim que o sistema político-eleitoral “funcionava”. Mas o episódio que a deixou, de fato, transtornada foi o de que seu próprio assessor tido como um filho, Anderson Dornelles, recebia mesada de R$ 50 mil da empreiteira, sabe-se lá por quê. Ao analisar os vídeos, ficou no entorno da petista a dúvida: além de fazer chegar demandas da Odebrecht como e-mails e telefonemas, teria Anderson, que frequentava o núcleo político e familiar de Dilma, vendido para empresas informações presidenciais privilegiadas? O assessor nega o recebimento das mesadas. Dilma tem dúvidas.

Atirados…
A nota oficial de Dilma após a divulgação dos depoimentos de João Santana e Mônica Moura chocou até ex-funcionários do Planalto. A petista diz que “nunca autorizou arrecadação de recursos por meio de caixa dois”. E que “todos que participaram nas instâncias de coordenação das duas campanhas sempre tiveram total ciência disso”.

…aos leões
A ex-presidente simplesmente lava as mãos – para tentar livrar a biografia e a própria pele – e atira seus ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega aos leões. Segundo delações da Odebrecht, eles eram os arrecadadores extra-oficiais. Esse movimento foi interpretado como uma vacina para a eventual delação de Palocci no horizonte.

Rápidas

* Após a chocante derrota do governo na primeira votação sobre a urgência de tramitação da reforma trabalhista, deputados rapidamente começaram a ironizar a incoerência da base aliada e elegeram os três partidos vencedores da medalha “traidores da noite”.

* A de bronze vai para o PPS, que possui dois Ministérios (Defesa e Cultura) e contribuiu com apenas três votos favoráveis ao governo – média de 1,5 voto por Pasta. A de prata vai para o PV, que comanda o Meio Ambiente na Esplanada e entregou um favorável e dois contrários – meio voto por Pasta.

* A de ouro, para o PTB. Dos nove votantes, um deles foi contra a urgência. O detalhe é que o partido comanda nada menos que o Ministério do Trabalho.

* O PMDB, que teve oito votos contrariando os interesses do presidente da República, que é cacique da legenda, ficou de fora da brincadeira por ser considerado hors-concours.

Vítima

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Ainda sobre Dilma, a ex-presidente terá muita história para explicar. Como por exemplo os pronunciamentos que o ex-marqueteiro João Santana filmava vez ou outra sem custos. Ou o cabeleireiro paulista cujos pagamentos não são explicados. Mas a ex-presidente resolveu adotar no caso João Santana o mesmo tipo de reposta do escândalo de Pasadena. Algo como “se teve alguma coisa errada, foram eles, não eu “.

Retrato falado

“É um direito de Lula arrolar quem quiser”
“É um direito de Lula arrolar quem quiser”

A tropa de choque do ex-presidente Lula está afiada. O deputado Afonso Florence (PT-BA), ex-ministro de Dilma, criticou Sergio Moro. “Como é que um juiz diz para um só réu que ele tem de estar em todas as audiências de testemunhas
de defesa? É um direito da defesa de Lula arrolar quem ele quiser.” E completou: “Esse é o mesmo juiz que fez gravação ilegal e divulgou”. O dia 3 de maio, quando Lula e Moro estarão cara a cara em Curitiba, promete.

Cerco fechado

Investigadores da Operação Janus estudam complementar a denúncia contra Lula. Ele é acusado de receber propina por meio do sobrinho Taiguara Rodrigues e de traficar influência no BNDES e em Angola. Representantes da empreiteira conversaram com os investigadores, na semana passada, em Brasília, para repassar outras informações em uma das mais documentadas denúncias contra o ex-presidente e contra Marcelo Odebrecht. Se isso acontecer, o caminho estará aberto para os executivos da empreiteira conseguirem uma redução de pena na 10ª Vara Federal de Brasília. Lula e seu sobrinho pagarão, então, o pato sozinhos na sentença a ser proferida pelo juiz Vallisney Oliveira.

Toma lá dá cá

Efraim filho (PB), líder do dem na câmara

Efraim filho (PB), líder do DEM na Câmara

Qual lição fica após a primeira derrota da urgência da reforma trabalhista para o governo?

O cálculo do presidente Maia, sem dúvida, foi errado. Mas acho que os líderes é que apresentaram os números incorretos e o induziram ao erro. Os líderes venderam um cenário de segurança, mas não conseguiram entregar. O DEM contribuiu com todos os votos. Mas o fato é que agora o governo deverá rever sua base aliada.

O que acha que deveria ser feito?

Em vez de alardear que possui o apoio de 411 deputados e tentar abraçar o mundo, o governo deveria centrar o foco em manter fiéis os 320, 350 que são realmente necessários. Ou seja, optar por uma base um pouco menor, porém mais coesa.

Mas como “fidelizá-los” em tempos de orçamento impositivo?

O parlamentar não depender mais da vontade do governo de liberar emendas do orçamento, de fato, diminui muito
a barganha, o que é positivo. Agora, é partir mesmo para o trabalho de convencimento.

Meirelles…
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está tendo uma série de encontros com investidores nos Estados Unidos nessa semana. A mensagem que foi apresentar é composta de, basicamente, três boas notícias e uma ruim. Foi dizer que até outubro a taxa básica de juros (Selic) deverá chegar a 9% ou menos – hoje é 11,25% ao ano.

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…vai à caça
Prometeu que em dezembro a inflação ficará abaixo do centro da meta, que é 4,5%. Por fim, está dando sua palavra que o crescimento do PIB no último trimestre de 2017 deverá chegar aos 2%. A má notícia é que a taxa de desemprego não deve cair, mantendo-se nos 13%. Sobre a reforma da Previdência, está tentando explicar os recuos do governo.

É só robalo

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Em meio a um festival de delações premiadas, surge um sinal dos tempos em Brasília: restaurantes da capital federal estão há mais de uma semana com grave desabastecimento de linguado, aquele peixe achatado. Para substituí-lo, os maîtres estão sugerindo o robalo. É sério, aconteceu no Tejo, da Asa Sul.