A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que não assistirá aos Jogos Olímpicos do Rio como uma personalidade de segunda linha.

“Eu não pretendo participar da Olimpíada em uma posição secundária porque, em primeiro lugar esses jogos são fruto de um grande trabalho do ex-presidente Lula (2003-2010) no sentido de trazê-la (sic) ao Brasil. Em segundo, houve um grande esforço do governo federal, que viabilizou a estrutura do Parque Olímpico e da Vila Deodoro”, disse Dilma, durante entrevista ao serviço em português da emissora francesa Radio France Internationale (RFI).

Segundo a imprensa brasileira, o convite feito a Dilma pela organização dos Jogos é similar ao recebido pelos ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney.

Dilma foi afastada por 180 dias em maio e é alvo de julgamento de impeachment pelo Senado, após ser acusada de aprovar gastos sem autorização do Congresso nas chamadas “pedaladas fiscais”. O suposto crime de responsabilidade pode custar a ela o afastamento definitivo da Presidência.

Apesar da proporção da crise que levou à sua traumática substituição pelo vice Michel Temer, ex-aliado transformado em inimigo, a economista de 68 anos se mostrou confiante de que o evento será um sucesso.

“Acredito que os Jogos reúnem as condições para transcorrerem num clima tranquilo. Principalmente se adotarem os procedimentos que nós deixamos estabelecidos, tanto na área de segurança, quanto nas demais áreas contíguas às instalações (…). É necessário que as autoridades não ‘descansem’ antes da Olimpíada”, afirmou.

“Nós acompanhamos a Copa do Mundo em 12 cidades brasileiras e foi um processo muito intenso. Além disso, temos uma experiência acumulada da Copa do Mundo de dois anos atrás, da vinda do Papa ao Brasil, como os Jogos da Juventude e os Jogos Internacionais Militares, que levaram o Brasil a adquirir um know-how na área de grandes eventos”, acrescentou, tentando afastar o temor de possíveis atentados.

“Temos a melhor segurança possível”, reiterou.

Na semana passada, a polícia deteve 12 pessoas que enalteciam o grupo extremista Estado Islâmico e trocaram mensagens que sugeriam a preparação de ataques durante os Jogos.

A Presidência de Dilma está por um fio e boa parte de seu destino será definido durante o evento.

Uma comissão do Senado votará em 4 de agosto, 24 horas antes da cerimônia inaugural, se o processo deve avançar ou ser arquivado, e cinco dias depois, os 81 senadores decidirão se ratificam ou não este parecer.

Se o fizerem, haverá uma sessão após o encerramento dos Jogos para selar o destino de Dilma, que será destituída se ao menos 54 dos 81 senadores votarem a favor do impeachment. Neste caso, Temer, que presidirá a abertura dos Jogos, seguirá na presidência até o fim de 2018.