A ex-presidente Dilma Rousseff tachou, nesta quarta-feira, de “absurda” a sugestão do mandatário francês, Emmanuel Macron, de conceder um status internacional à Amazônia devido aos incêndios.

“É uma proposta absurda”, disse Dilma. “Quando (Emmanuel) Macron fala em intervir na Amazônia, cria um grande apoio para o (presidente Jair) Bolsonaro, porque ninguém no Brasil acha que isso seria uma boa ideia”.

Dilma fez essas declarações em um discurso para o auditório lotado do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, sobre “A crise sistêmica mundial e as perspectivas democráticas”.

“O Brasil, sem a Amazônia, sem seus indígenas, não é o Brasil, pode ser outra coisa, mas não é Brasil”, afirmou a ex-presidente.

“Há 20 milhões de habitantes na Amazônia, não é um deserto”, afirmou Dilma, lembrando que a Guiana francesa – território ultramarino francês na área amazônica – “também tem problemas”, sobretudo de mineração.

Dilma pediu a criação de uma “frente democrática” para rechaçar a exploração que ameaça áreas de proteção ambiental e terras indígenas. “Bolsonaro quer que a Amazônia seja aberta à exploração absurda”, denunciou.

“Quando rejeita dinheiro internacional, demonstra que não quer protegê-la”, destacou, referindo-se ao montante prometido pelos países do G7 para combater os incêndios na maior floresta tropical do planeta.

Ela também criticou os comentários de Jair Bolsonaro sobre a aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, e sobre a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet.

“O que acontece é que Bolsonaro não tem o chip da moderação”, disse a primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2010, destituída após um processo de impeachment em 2016.