21/07/2017 - 18:00
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro guarda na origem de sua arquitetura, inspirada na Ópera de Paris, um pecado original – aliás, o mais brasileiríssimo dos pecados, o da corrupção. Deixemos claro, de saída: artistas e funcionários nada têm e nunca tiveram a ver com tal gatunagem. O Theatro resistiu o quanto pôde, e lá se vai mais de um século dessa casa inaugurada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha.
Agora, baqueou. Por que? Porque ao longo desse tempo foi tanta a bandalheira de governadores e prefeitos por ele responsáveis, que lhe seria impossível não acusar os golpes: fisicamente, está inabalado sobre as suas 1.180 estacas de madeira de lei; já em sua alma, que são o balé, o coral e a orquestra sinfônica, nisso o Theatro agoniza.
E assim começou, na semana passada, a diáspora nesse que é um dos maiores símbolos culturais do Brasil. A primeira-bailarina Márcia Jaqueline (posto mais alto no balé, já ocupado por Bertha Rosanova e Ana Botafogo) vai mudar-se para a Áustria. Márcia ama dançar no Rio de Janeiro, mas para amar e dançar precisa sobreviver – e faz tempo que os recursos públicos disseram adeus às artes nesse País: “a carreira é curta, preciso aproveitar o convite e cuidar da sobrevivência”.
Na diáspora também estão o primeiro-bailarino Filipe Moreira, que se tornou motorista de Uber para ganhar a vida, e Anderson das Neves, que do balé passou a mototaxista. O pecado original do Theatro está lá longe no tempo, está na escolha de seu projeto arquitetônico: o filho do prefeito Pereira Passos ganhou a licitação com uma proposta anônima. Já nos dias atuais é tamanho o desvio de recursos que não há dinheiro para pagar sequer uma sapatilha. A diáspora começou. Não vai ter fim.
R$ 700 milhões
é a verba definida pelo governo federal de ajuda ao Rio de janeiro. O dinheiro se destinará à área da segurança. Uma das exigências de Brasília ao governador Luiz Fernando Pezão é que o valor seja empregado também na compra de munições e abastecimento de viaturas, não apenas no aumento da força policial – aumento esse que ficará por conta da Força Nacional.
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Nem o frio nem as intermináveis filas impediram que uruguaios transformassem a quarta-feira 19 em um dia histórico no país. Pela primeira vez, quem quis comprar maconha para uso recreacional pode fazê-lo, em uma das dezesseis farmácias que estão autorizadas a vender a droga (o usuário tem de estar cadastrado e se limitar ao consumo diário de determinada quantidade de gramas). Os estoques de maconha viraram fumaça em poucas horas. Ainda não é possível dizer se a política de legalização da maconha dará certo. Motivo: o índice de delta-9 tetrahidrocanabinol, principal psicoativo da planta, é inferior ao da droga traficada.
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