O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias aceitou pagar a uma empresa um valor 1.800% maior do que o recomendado por um parecer técnico da pasta. As informações são do Jornal Nacional e constam em documentos que a TV Globo teve acesso.

A empresa VTCLOG fornece o serviço de receber e organizar medicamentos, e o contrato inicial previa pagamentos de R$ 485 milhões até 2023. Em fevereiro deste ano, o valor subiu mais R$ 88 milhões até 2023, quase 20%, e está sendo pago.

Segundo a reportagem, desde 2019, a empresa e o Ministério da Saúde divergiam sobre como deveria ser o cálculo para o pagamento do serviço. Por isso, os pagamentos foram suspensos.

De acordo com o método proposto pelos técnicos da pasta, a remuneração correta deveria ser de R$ 1 milhão, enquanto a empresa defendia que, por contrato, o valor seria de R$ 57 milhões.

O impasse foi resolvido por Roberto Dias, que concordou com uma contraproposta da empresa, que sugeriu um acordo de pagamento de R$ 18 milhões, 60% a menos do que a VTCLOG queria inicialmente, mas 1.800% maior do que a defendida pelos técnicos do ministério.

Ainda segundo a reportagem do JN, a consultoria jurídica da pasta questionou a negociação e disse que a proposta poder ser desvantajosa para a administração pública, e que poderia se caracterizar um sobrepreço de R$ 17 milhões.

Ainda assim, a diretoria de Roberto Dias emitiu pareceres concordando com os cálculos da VTCLOG e deu aval à proposta da empresa, assinando o aditivo em maio deste ano.

De acordo com a reportagem, agora, a VTCLOG pede mais uma atualização do valor por conta dos serviços prestados ao longo desde ano, apresentando uma fatura de R$ 22 milhões.

Ridauto Fernandes, novo diretor de Logística do ministério que assumiu após a exoneração de Roberto Dias, pediu um novo parecer da consultoria jurídica e, por enquanto o pagamento ainda não foi feito.

Agora, a CPI da Covid quer esclarecer a atuação de Roberto Dias nesse contrato e identificar se houve algum tipo de favorecimento, e decidiu convocar Andreia Lima, diretora da empresa, a investigar a relação de proximidade entre o ex-diretor do Ministério da Saúde e a VTCLOG.

Tanto Andreia quanto Dias defendem o acordo e dizem que ele foi vantajoso para o ministério.