Desapontar alguém que você gosta e nutre profundo carinho é algo muito chato. Aperta o coração. Mas às vezes, acaba sendo necessário — pelo menos no entendimento de quem toma a decisão. Quem nunca viveu esse tipo de conflito? Priorizar a satisfação do outro, por quem temos muita consideração, ou se priorizar? E nessa escolha por si, há quem veja até uma “traição”. Mas, então, é melhor trair a quem? Ao outro ou a si mesmo?
Vamos aos fatos — e que cada um tire suas próprias conclusões.
Como já falei por aqui algumas vezes, política e entretenimento têm andado cada vez mais conectadas. Para reforçar isso, ontem, dia 3, Felipe Neto postou um vídeo em suas redes sociais anunciando sua candidatura à presidência da República. Sem filiação partidária, a postagem parece ter muito mais um tom de brincadeira provocativa para ironizar a crescente onda de envolvimento de influenciadores e artistas com o cenário político. Mas voltemos ao assunto principal da coluna de hoje.
Em meio a um cenário de incerteza sobre a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência nas eleições do ano que vem — o ex-presidente está inelegível até 2030, após condenação no TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação — desde o ano passado o nome do cantor Gusttavo Lima passou a ser ventilado como possível candidato à presidência da República. O nome do sertanejo, inclusive, chegou a aparecer com desempenho relevante em pesquisas feitas por institutos respeitados.
No começo deste ano, uma fonte me revelou que foi Ronaldo Caiado, governador de Goiás e amigo do cantor, quem mais estimulou esse desejo de entrada na política. Ao notar a popularidade do artista, sua história de superação e o fato de já ter construído um verdadeiro império, com negócios bem-sucedidos, Caiado acreditou que Gusttavo poderia entrar para a política com um forte propósito: ajudar as pessoas. Jovem, carismático e com valores alinhados aos de Caiado — político de longa trajetória à direita — o político viu ali a sua “chapa dos sonhos”.
No dia 5 de março, Caiado chegou a anunciar publicamente: “Vamos sair juntos para disputar a Presidência. Em 2026, vamos decidir quem será o candidato a presidente e quem será o candidato a vice. (…) O Gusttavo Lima estará lá e vamos juntos caminhar os estados. (…) Mas uma decisão está tomada: nós andaremos juntos”.
A fala acendeu alertas em várias frentes. Bem relacionado entre líderes da direita, Gusttavo Lima viu-se em uma posição delicada em meio à indefinição do campo conservador sobre quem será o principal nome para disputar o Planalto. Embora já tenha demonstrado apoio ao coach Pablo Marçal em eleições anteriores — que nos bastidores também se movimenta para ser candidato à presidência — o sertanejo também se encontrou recentemente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tido como uma espécie de “herdeiro político natural” de Bolsonaro.
Então, quatorze dias depois da fala de Caiado, no dia 19, o próprio Gusttavo publicou um vídeo em sua rede social: “Quero ressaltar aqui que não sou candidato a nenhum cargo político. Em 2026 não serei candidato. Nem mesmo sou filiado a qualquer partido. Manifestei sim meu interesse de ajudar o Brasil. Meu objetivo é contribuir de outras formas, sem a necessidade de concorrer ou ser eleito para algum cargo público”.
A decisão pegou Caiado de surpresa. Segundo uma fonte, o governador não gostou. Teria estranhado e ficado desconfiado, embora ainda confiante de que o “Embaixador” seguiria ao seu lado — agora não mais como candidato, mas como uma espécie de cabo eleitoral de luxo. Afinal, Caiado sabe — também por pesquisas — que seu nome ainda é desconhecido em muitas regiões do país, e que com Gusttavo ao seu lado, os caminhos ficariam mais abertos. Como descreveu uma fonte: “Na cabeça do Caiado, era a força da popularidade de um jovem talentoso e carismático com a experiência de um político que luta por um Brasil mais justo”.
Mas… de lá para cá, a relação entre os dois acabou esfriando. As conversas diminuíram e intermediários passaram a falar por eles. A distância foi crescendo. E, hoje, chegamos ao tão esperado 4 de abril.
Caiado escolheu Salvador para lançar oficialmente seu nome à corrida presidencial. Estratégia clara para ampliar presença no Nordeste — região onde o presidente Lula tem forte apoio e que será crucial em qualquer disputa nacional. Ele receberá o Título de Cidadão Baiano.
O evento foi organizado com apoio dos aliados ACM Neto e Bruno Reis. Mas, entre os ausentes, um nome chamou atenção: Gusttavo Lima. Nem ele, nem o coach Pablo Marçal confirmaram presença.
Ciro Nogueira, presidente do PP — partido de Caiado — também não deve ir. O senador trabalha para criar uma federação entre o PP e o União Brasil, mirando tornar-se a maior força partidária do país. E defende que Caiado, para ser viável, precisa do apoio direto de Bolsonaro. Um ponto de discordância: o governador de Goiás rejeita a federação.
Segundo a mesma fonte, a equipe de comunicação de Caiado teria preparado materiais gráficos com imagens do governador ao lado de Gusttavo Lima e Pablo Marçal para o anúncio de candidatura que acontece hoje. Pessoas ligadas ao sertanejo justificaram sua ausência por conta de compromissos profissionais em Orlando, na Flórida.
Para alguns, a ausência do cantor foi interpretada como um gesto de cautela — e, para outro, de decepção. Mas seria justo rotular essa escolha como “traição”?
Caiado manteve firme sua decisão de lançar a candidatura agora. O governante avalia que precisa de tempo para construir musculatura política e ser reconhecido nacionalmente — especialmente se quiser atrair apoio da direita, incluindo o de Bolsonaro, caso o ex-presidente não possa disputar.
Cada um pode interpretar esses movimentos como quiser. Do lado de cá, o que vejo são duas pessoas respeitando seus tempos, seus desejos e se ouvindo — mente e coração. E isso, em um país que tanto precisa de pontes e não de muros, é um ótimo sinal de autenticidade. A boa política se faz com diálogo. E tenho certeza: boas conversas não vão faltar entre Gusttavo e Caiado. Torço para que no fim, tudo ocupe o lugar certo.
Bocardi na web
Após semanas de silêncio, Rodrigo Bocardi reapareceu nas redes sociais e fez reflexões sobre os rumos da carreira. “Dormir até acordar foi bom, mas agora é hora de trabalhar”, disse, mencionando o carinho dos fãs. Indeciso entre TV ou internet, o ex-apresentador da Globo abriu espaço para sugestões e recebeu uma enxurrada de apoio. A publicação ultrapassou 50 mil curtidas.
Digno de reconhecimento
Amaury Jr. reviveu seus quase 50 anos de televisão em uma entrevista afetuosa e super merecida que foi ao ar, ontem, dia 3, no The Noite do SBT. Relembrou os tempos de gincana universitária, a estreia na TV Tupi e a criação do lendário Flash, em 1982, na Gazeta. O jornalista é um dos principais nomes do colunismo social do Brasil.
Música virou marca
No papo com Danilo Gentili, Amaury Jr. revelou que a vinheta “Keep It Coming Love” virou parte da sua identidade – e até surpreendeu o cantor KC. “Os direitos dessa música no Brasil são seus”, contou o artista, em tom bem-humorado. Amaury também celebrou a imitação clássica de Carioca, no “Pânico”, que o conectou com novos públicos.
Netflix com mais idiomas
Com mais de 30% de sua audiência assistindo a conteúdos em outros idiomas além do inglês, a Netflix lançou uma nova ferramenta de acesso à lista completa de legendas e dublagens na TV. O objetivo é tornar o catálogo ainda mais acessível globalmente. *
YouTube Premium mais caro
O YouTube Premium terá reajuste no Brasil: o plano individual sobe de R$ 24,90 para R$ 26,90, o familiar salta para R$ 53,90 e o estudante para R$ 16,90. O aumento, já comunicado por e-mail aos assinantes, segundo a empresa segue o padrão de ajuste global da plataforma.
Elton e Brandi em 20 Dias de Glória
Elton John e Brandi Carlile lançaram o álbum Who Believes In Angels? criado, gravado e finalizado em apenas 20 dias. A obra marca uma nova fase na carreira do britânico, agora longe dos palcos. “É um novo começo pra mim”, declarou. O disco tem participação de Bernie Taupin, Chad Smith (Red Hot) e Josh Klinghoffer. Em clima de celebração e nostalgia, o cantor refletiu sobre o futuro e as relações que deseja preservar: “Quero meus amigos. Não quero morrer”, disse ele durante entrevista ao CBS News.