No próximo dia 18 de junho será celebrado mais um ‘Dia do Orgulho Autista’. A data especial foi criada por pessoas autistas para promover a aceitação e o orgulho das pessoas no espectro autista, combatendo estigmas e celebrando as diferenças neurológicas como parte natural da diversidade humana. A data representa também um marco importante na luta por direitos e representatividade, incentivando uma sociedade mais inclusiva e empática.
O Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que representa 1,2% da população, conforme as informações do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas em maio de 2025. Esta é a primeira vez que o IBGE faz um levantamento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no país, graças à Lei n.º 13.861/2019.
Entre os diversos dados revelados pelo levantamento, o Censo também aponta que 3,8% dos meninos entre 5 e 9 anos (264 mil) e 1,3% das meninas na mesma faixa etária (86 mil) têm diagnóstico de TEA. Vale lembrar que o censo faz o mapeamento com base em pessoas que já receberam diagnóstico, e sabemos o quanto muitas mulheres não são diagnosticadas por terem seus sintomas mascarados. Sendo assim, essa discrepância pode não ser tão grande quanto aparenta.
Os diagnósticos mais concentrados estão entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%), seguidos de 0 a 4 anos (2,1%), o que reforça o avanço no diagnóstico precoce, resultado de maior conscientização e busca de informações por parte de pais e responsáveis.
Os dados coincidem com o mais recente informe dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), que indica um aumento na prevalência de autismo no país, atingindo 1 em cada 31 crianças de até 8 anos. A pesquisa utilizou os dados mais recentes do monitoramento nacional dos EUA, também de 2022.
“Esses dados demonstram a importância de ampliarmos as discussões sobre neurodiversidade e quebrarmos barreiras sociais. O entretenimento pode ser uma ponte fundamental nesse processo, oferecendo representações autênticas que ajudam a sociedade a compreender melhor o espectro autista”, comenta a Conselheira Clínica da Genial Care, rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias, Alice Tufolo.
Por que essa representação importa?
A representação de pessoas autistas na mídia desempenha um papel fundamental na educação sobre a neurodiversidade e inclusão dessas pessoas. Obras como filmes, séries e quadrinhos ajudam a desmistificar o autismo ao quebrar estereótipos e preconceitos ainda presentes na sociedade.
Além disso, essas narrativas têm o poder de empoderar, ao mostrar pessoas autistas como protagonistas de suas próprias histórias, com autonomia, desejos e capacidades únicas. Sem falar na identificação de pessoas com suas características, o que pode contribuir para maiores buscas de diagnósticos tardios.
Também funcionam como ferramentas de educação para famílias, auxiliando pais, mães e cuidadores a compreenderem melhor os filhos e filhas no espectro.
“Outro impacto significativo é na promoção da inclusão social, já que essas obras despertam empatia e ampliam o olhar coletivo sobre a diferença, sendo fundamentais para garantir representatividade, oferecendo espelhos positivos para crianças e jovens autistas, que muitas vezes crescem sem se ver refletidos nas histórias ao seu redor”, destaca Alice Tufolo.
Neste contexto, filmes, séries e quadrinhos podem ser ferramentas poderosas para desmistificar o autismo, informar sobre suas características e empoderar tanto pessoas autistas quanto suas famílias e comunidades.
Conheça séries que ampliam o olhar sobre o autismo
Heartbreak High: Onde Tudo Acontece
Trata-se de uma série australiana da Netflix que acompanha o dia a dia de um grupo de amigos adolescentes, que precisam lidar com o turbilhão de mudanças e problemas da adolescência. A série se tornou muito especial para a comunidade autista por trazer uma personagem mulher no espectro, a Quinni, interpretada pela atriz Chloé Sarah Hayden.
Uma Advogada Extraordinária (Extraordinary Attorney Woo)
Drama sul-coreano, considerado o mais queridinho da Netflix, que acompanha uma jovem advogada autista brilhante, destacando suas habilidades excepcionais enquanto enfrenta desafios sociais e profissionais.
Atypical
Série britânica que estreou em 2017, terminou em 2021 e conta com 4 temporadas. A história acompanha a vida de Sam, um menino no espectro que decide arrumar uma namorada e se tornar mais independente. Sua decisão impacta em toda sua família e traz uma jornada de autodescobertas para todos. Disponível na Netflix.
The Good Doctor
Shaun Murphy é um jovem cirurgião diagnosticado com Síndrome de Savant, o que faz com que o personagem tenha habilidades extraordinárias em campos específicos, porém enfrente dificuldades em sua comunicação. A série, disponibilizada no Globoplay, foca na interação do médico com a equipe de um grande hospital, narrando várias adversidades em enfrentar o ceticismo e desconfiança de colegas e pacientes, além dos desafios da profissão.
Amor no Espectro (Love on the Spectrum)
Reality show documental da Netflix que acompanha jovens autistas em busca do amor, oferecendo uma visão íntima e respeitosa sobre relacionamentos e vida adulta no espectro.