Produtora, atriz, influenciadora digital, empreendedora e baiana. Maria Gal, 48 anos, lançou na última segunda-feira, 18 – semana do feriado da Consciência Negra -, o documentário “Pequena África”, que está disponível gratuitamente no Canal Futura e na plataforma do Globoplay.
A obra, uma iniciativa do “Mover” e que contou com a produtora da artista, a “Move Maria” na execução, retrata a história da Pequena África, localizada no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, região onde africanos escravizados desembarcaram no Brasil, e que hoje reúne pontos que reverenciam o legado da cultura negra.
Em entrevista ao site IstoÉ Gente, Maria Gal falou sobre a importância do documentário, destacou a representatividade negra na cultura mundial e argumentou a respeito de como a população necessita consumir conteúdos que sejam feitos, produzidos e protagonizados por pessoas negras.
“Ter a responsabilidade de falar de nossas memórias, trazendo diversidade através do audiovisual, é um dos meus propósitos. E receber essa incumbência de uma das maiores instituições do país, que é o ‘Mover’, e de grandes empresas que fazem parte dela, é uma missão que me deixa muito honrada em realizar”, disse a diretora da “Move Maria”.
“Eu e tantos atores e empreendedores negros, e algumas grandes marcas, que se importam com isso, não estamos aderindo a uma modinha. Isso não é modinha, isso é o mercado dando visibilidade para a maior parte da população brasileira, que é negra, e consome, sim”, reforçou.
Ao ser questionada sobre os trabalhos que fez nos últimos tempos na TV aberta, a atriz se mostrou grata pelas oportunidades que surgiram, porém destacou que a sociedade ainda está longe de viver um mundo ideal.
“Acredito que já melhoramos muito, mas ainda estamos no começo dessa caminhada e muita coisa ainda precisa ser feita. É muito bom tudo o que estão fazendo, tendo grandes protagonistas negras na TV aberta atualmente, mas quando você viu uma protagonista 40+ preta retinta?”, perguntou ela, relembrando um episódio de discriminação que sofreu ao longo de sua jornada profissional.
“Sou produtora e atriz, já fiz diversos trabalhos, mas sempre tive dificuldade de conseguir papéis na TV que não fossem pequenos ou estereotipados. E teve uma vez que eu passei em algumas etapas de um teste, mas no final, o diretor do projeto disse que, apesar de ser muito boa, eu não tinha um tom de pele comercial quanto gostariam”, relembrou.
Maria Gal retornou à teledramaturgia da Globo em 2023, quando fez parte do elenco da novela das 18h “Amor Perfeito”, na qual interpretava Neiva. A atriz reconheceu que ficou longe das produções da emissora por alguns anos, mas teve uma grata surpresa ao perceber que estão dando lugares de destaque a profissionais negros.
“‘Amor Perfeito’. Foi uma experiência muito bacana. Foi uma novela líder de audiência, que ultrapassou o sucesso das anteriores do horário dela, com metade do elenco negro como protagonista, com família, com história. Saí da Globo depois de fazer ‘Joia Rara’ (2013-2014), fui para o SBT, e quando voltei para a Globo, em 2023, era outra Globo, me surpreendi positivamente”.
