Perto de completar 40 anos, Di Ferrero afirma que está no melhor momento de sua carreira solo. Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente, o cantor, músico e compositor fez um balanço sobre sua trajetória desde o início, aos 7 anos de idade, quando cantava na igreja Legião da Boa Vontade (LBV), passando pelo vocal do NX Zero, até o momento atual, em que viaja pelo Brasil com a turnê “Outra Dose”, se prepara para lançar novas parcerias musicais, e colhe os frutos do sucesso da regravação de “Aonde Quer Que Eu Vá”, de Os Paralamas do Sucesso.

“Estou no melhor momento da minha carreira solo. Shows gigantes de público, com a galera querendo conhecer, isso é muito legal. Estou em um momento seguro para experimentar outras coisas”, declara em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente.

O cantor afirma que teve a ideia de relançar o hit, que estourou nos anos 2000, após sentir uma conexão interna com a canção. Segundo ele, Herbert Vianna e sua trupe fizeram muito sucesso na Argentina, onde Di morou quando era criança.

“Eu sempre fui um cara meio relutante com regravações. Mas Os Paralamas tem uma coisa de memória afetiva comigo muito forte. Quando eu era novo, morava na Argentina. E eles fizeram muito sucesso lá a ponto de todo mundo achar que eles eram argentinos. Então, eu já tenho esse carinho por eles. Acabei passando dois dias com eles, fazendo show, depois uma homenagem, e quando tocava essa música batia em mim… Até que falei: ‘Quer saber? Eu vou fazer isso, vou pegar essa música para mim, fazer do meu jeito’. É uma música que eu queria ter escrito”, conta.

“Aonde Quer Que Eu Vá” na voz do cantor foi lançada em 1º de agosto e veio acompanhada de um filme gravado na Avenida Paulista, em São Paulo, como você pode ver no link.

Ao ser questionado sobre as inspirações para compor suas músicas, o cantor disse que passou por uma transformação depois que sua carreira solo deslanchou.

“Eu sempre compus de uma forma terapêutica. No começo, eu só escrevia quando estava triste, para tirar algo de dentro de mim. Então eu relacionava isso à composição por muitos anos. Já na minha fase solo comecei a compor quando estava feliz. Porque antes, quando eu estava bem, eu não ia compor, eu ia para a praia, dar outro rolê. Mas, de uns tempos para cá, depois da minha fase solo, eu comecei a escrever músicas no momento em que eu estou bem também. Foi uma evolução”, explica.

Ferrero aproveitou para esclarecer o estigma do estilo musical conhecido pejorativamente como “emo”, que o acompanhou durante todo o período em que fez parte do NX Zero.

“A minha geração não se chamava de emo, eram os outros que chamavam essa geração assim. Na verdade, essa coisa de escrever quando se está triste eu ouvi do John Lennon. E depois veio o Kurt [Cobain, do Nirvana]… Não é uma coisa do emo. Se for assim, o sertanejo então… Eu acho que o emo não está associado a escrever algo triste. É muito mais uma estética e uma geração. E tem beleza na tristeza, o samba triste, o chorinho, o Cartola, MPB… A tristeza está presente e é uma inspiração”, aponta ele, que completa: “Ser emo era uma coisa pejorativa na época, mas hoje é super cool, como todas as coisas que passam e viram legais”.

Legião da Boa Vontade

Di conta que sua história com o rock começou em um momento conturbado de sua vida, na adolescência, depois que deixou de frequentar a LBV. Segundo relato, foi um momento em que o cantor se revoltou com o mundo.

“Eu canto desde os 7 anos de idade. Profissionalmente, desde os 9, fazendo show, tour, cantava na igreja, tinha minha banda. Desde molequinho. Eu fui da LBV, Legião da Boa Vontade, estudei na escola da LBV e morei em vários lugares. Não ouvia muito rock, ouvia outras coisas. Não é que não podia nem nada, mas eu não ouvia muito. Nasci em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas morei em Porto Alegre, Brasília, Argentina, Rio de Janeiro. Antes de vir para São Paulo e sair da LBV, com 14 anos”, diz.

“Meus pais decidiram sair da igreja por alguns motivos burocráticos e eu não podia mais ver a minha banda, não podia mais frequentar. Fiquei muito revoltado com isso, bem puto da vida, porque eu não conseguia separar as coisas. Eu culpei todo mundo, culpei Jesus, Deus, tudo”, relembra.

“Foi quando comecei a ouvir rock e a galera me abraçou, comecei a andar de skate, ir à Galeria do Rock. Com 15, 16 anos já comecei a ter muitas bandas, tive 11 bandas antes do NX. Até que com 21 anos o NX explodiu, foi uma coisa meteórica até 2017, quando eu e os moleques decidimos dar uma pausa”, conta.

Carreira solo

Di Ferrero faz um balanço sobre a carreira solo e admite que enfrentou momentos difíceis nessa transição.

“Eu me vi recomeçando, tentei fazer alguma coisa distante do que eu fazia, não queria rock. Achei que os fãs iam me trucidar, mas foi muito legal, muito irado, incrível. No começo foi mais difícil, os shows não estavam muito bem, mas pensei que era um novo momento na minha vida e vamos lá, eu gosto de desafios”, relata.

“Então veio a pandemia e depois da pandemia eu lancei o meu primeiro álbum solo. Foi quando tudo mudou, comecei a participar dos festivais, entrei no circuito, comecei a tocar nas rádios e os shows começaram a lotar, fiquei dois anos em uma tour”, relembra o cantor, que se reuniu com os integrantes do NX Zero em 2023 para uma turnê nostálgica. “Foi incrível, muito maior do que a gente esperava”, define ele, que agora retoma os projetos solos e não descarta a possibilidade de se arriscar em novas áreas, como a de musicais.

Sua vitória no quadro “Show dos Famosos”, do “Domingão do Faustão”, em 2019, lhe trouxe uma nova perspectiva de talentos.

“Eu aprendi muito lá, muito mesmo, mas não queria fazer. Minha primeira resposta foi ‘não, não’, mas percebi que isso seria me dedicar para a minha carreira solo também. E em um momento ali, conversando com o Faustão, que é muito queridaço, eu pirei. Ainda acabei ganhando o negócio [risos]”, diz.

“Pessoas vieram me chamar para fazer musical. Eu acho que em algum momento eu vou fazer, seria muito legal essa experiência. Acho que agora fazendo 40 [anos] eu posso fazer coisas diferentes, até mesmo atuar, já comecei a receber algumas ideias de alguns amigos diretores. Vou deixar rolar”, ressalta.

Di Ferrero dá detalhes de carreira solo e revela se terá filho com Isabeli Fontana
Reprodução/Instagram

Filhos com Isabeli Fontana

Junto com Isabeli Fontana há mais de uma década, Di Ferrero não descarta a possibilidade de ter filhos com a modelo. Apesar disso, o cantor reconhece que a decisão final tem de ser da sua parceira, que já é mãe de Zion e Lucas, frutos de seus relacionamentos anteriores.

“Deixa rolar. A minha vida é muito louca, da Isabeli também. Ela trabalha muito, viaja. Se eu tiver um filho, acho que eu vou ter que parar tudo”, declara.

“E nem se eu quiser, porque não depende só de mim, tem a minha esposa e é ela quem vai levar a responsa muito mais do que eu. É uma decisão que pesa muito mais nela do que em mim”, declara ele, que conta com uma ajudinha dos astros para seguir seu caminho e tomar decisões importantes, como a de ter um filho biológico:

“Meu mapa astral está falando que ainda não é hora, minha mãe é astróloga e ela me passa. Ela falou que não vê isso no mapa. Mas as nossas escolhas de vida são nossas. Se eu quiser, tenho meu livre arbítrio”, justifica.

Di enaltece a coragem que a esposa teve quando decidiu ser mãe pela primeira vez: “Ela foi mãe muito nova e trabalha com o corpo, e bateu o pé. Na época, as pessoas falavam para ela não ter, ‘vai acabar com a sua carreira’, mas ela disse: ‘não importa. Eu quero ter’. Ela manteve a carreira e foi legal para ela. Então, se a gente tiver um filho, será em um outro momento e a decisão é muito mais dela, por conta do corpo, dos hormônios”, completa.

O cantor ainda fala com carinho dos enteados e diz que tem uma relação próxima com ambos.

“Eu já tenho uma família, já faço a diferença na vida desses dois seres que estão comigo. Se eles quiserem me chamar de pai, de amigo, de irmão, não importa. Eu estou criando eles do jeito que eu quero, do jeito que eu acho certo, que foi passado para mim. O Zion, que é o mais velho, tem 21. Eu estou há 11 anos com a Isabeli. Então ele está mais tempo comigo do que sem migo na vida [risos]. A gente fica conversando sobre isso”, afirma ele, que influencia musicalmente o filho caçula de Isabeli, que teve com Henri Castelli.

“O Lucas, que é o mais novo, eu conheci com 7 anos. Ele está com 17, tocando bateria, vai em todos os shows que pode, está querendo formar uma banda. Acho que tem influência minha, mas depende da vocação, de querer fazer, porque não está fácil, a nossa vida é cheia de incertezas e dificuldades. Eu encontro na música uma saída, algo que é tão pleno que me faz crer e ser mais otimista com várias coisas. E eu sempre pensei em sentir isso com a música. Essa é uma influência que eu passo para eles, é uma visão”, declara.

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