29/08/2024 - 16:50
O Exército israelense informou, nesta quinta-feira (29), que matou sete combatentes palestinos no segundo dia de uma “operação antiterrorista” em grande escala na Cisjordânia ocupada, que deixou 16 mortos em 48 horas, paralelamente à guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.
A intervenção israelense, iniciada na quarta-feira, inclui bombardeios e incursões com veículos blindados nas cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem e em dois campos de refugiados, onde os grupos armados que lutam contra a ocupação israelense são muito ativos.
Esta operação despertou “profunda preocupação” na ONU, que alertou que poderia “alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada”. Seu secretário-geral, António Guterres, exigiu na rede social X o “fim imediato” da intervenção e condenou “firmemente as perdas de vidas humanas, especialmente de crianças”.
O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) alertou nesta quinta-feira que estão sendo realizadas “operações militares perto de hospitais”, e que há “danos graves” causados “em numerosos locais”.
Incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967. No entanto, é incomum que ocorram simultaneamente em várias cidades.
Desde o começo da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, desencadeada pelo ataque mortal do movimento islamista palestino em solo israelense no dia 7 de outubro, a violência se intensificou na Cisjordânia. Autoridades israelenses haviam anunciado ontem a “eliminação” de nove combatentes.
Nesta quinta, o Exército israelense afirmou ter matado outros sete, dois deles em Jenin e cinco que estavam “refugiados em uma mesquita” no campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem. O movimento islamista palestino Jihad Islâmica, aliado do Hamas, confirmou a morte de um de seus comandantes.
Mas, segundo o governador de Tulkarem, Mostafa Taqataqa, eles foram mortos “por um tiro de foguete contra sua casa”, e não em combate.
O Ministério da Saúde palestino também reportou 16 mortos. Entre eles, estariam dois menores, de 13 e 17 anos, de acordo com a Crescente Vermelha palestina.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, o Exército busca “desmantelar as infraestruturas terroristas iranianas-islamistas” na Cisjordânia.
Durante a tarde, Jenin continuava sendo palco de confrontos e as forças israelenses seguiam sua operação em Tulkarem, verificaram dois jornalistas da AFP.
Quase metade da cidade está sem água e no campo de Nur Shams, não havia uma gota sequer, informou um funcionário municipal de Tulkarem, Hakim Abu Safiyeh. “A destruição é enorme”, acrescentou.
Desde 7 de outubro, pelo menos 637 palestinos morreram na Cisjordânia pelas mãos do Exército israelense ou de colonos, segundo a ONU, e pelo menos 19 israelenses, incluindo soldados, perderam a vida em ataques palestinos ou em operações do Exército em áreas palestinas, indicam dados oficiais israelenses.
Naquele dia, os milicianos islamistas mataram 1.199 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
Também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 que os militares israelenses declararam mortas.
Em resposta, Israel lançou uma vasta ofensiva que já deixou 40.602 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.
Segundo os acordos de paz israelense-palestinos de Oslo de 1993, o Exército de Israel não deve entrar nas zonas autônomas situadas sob o controle exclusivo das forças de segurança da Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, advertiu que a operação israelense “na Cisjordânia ocupada não deve constituir as premissas de uma extensão da guerra a partir de Gaza, incluindo uma destruição em grande escala”.
A Jihad Islâmica acusou Israel de buscar “anexar a Cisjordânia” com essas operações, enquanto o Irã denunciou uma “destruição brutal” e instou a comunidade internacional a tomar “medidas imediatas e eficazes para colocar fim ao genocídio da nação palestina”.
O rei Abdallah II, da Jordânia, destacou em conversa telefônica com o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, a “necessidade” de conter os “ataques israelenses”, e pediu um “apaziguamento global” na região, de acordo com seus serviços.
Na Faixa de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007, a Defesa Civil relatou oito mortos em novos bombardeios no norte. Uma fonte médica informou à AFP que três palestinos morreram em um ataque com drone no sul.
O Exército israelense afirmou ter atingido cerca de 40 “alvos terroristas” em Gaza nas últimas 24 horas e eliminado “dezenas de terroristas”, um dos quais, segundo o comunicado, participou do ataque de 7 de outubro.
Em quase 11 meses, a guerra mergulhou os 2,4 milhões de habitantes de Gaza em uma situação humanitária catastrófica.
Autoridades israelenses aceitaram uma série de “pausas humanitárias” de três dias cada, de várias horas por dia, no centro, sul e norte da Faixa para uma campanha de vacinação infantil contra a poliomielite a partir do próximo domingo, informou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os países mediadores do conflito entre Israel e Hamas – Catar, Egito e Estados Unidos – tentam conseguir uma trégua e a libertação dos reféns em troca de palestinos presos em Israel.
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