Dezenove pessoas pertencentes a uma organização internacional que concedia empréstimos irregulares a altos juros, e depois perseguia quem não conseguia pagá-los, foram acusados no Uruguai de agiotagem, associação criminosa e crimes de violência, informou o Ministério Público.

Os indiciados, 18 colombianos e um venezuelano segundo fontes próximas ao caso, foram acusados no fim de semana em Tacuarembó, a aproximadamente 400 km ao norte de Montevidéu, no âmbito da Operação Parce, que, desde fevereiro de 2022, investiga supostas atividades de extorsão.

Segundo documentos judiciais divulgados na segunda-feira, a partir de uma denúncia anônima, a polícia começou a investigar a possível existência de um grupo de colombianos que emprestava dinheiro em espécie a empreendedores e a comerciantes com a obrigação de devolvê-lo aos poucos, com taxas de juros a 20% em períodos de 20, 24 e 30 dias.

Os empréstimos iam de 5.000 pesoas (130 dólares ou 665 reais) a até 150.000 pesos (4.000 dólares ou 20.500 reais), com parcelas diárias de 500 pesos (13 dólares ou 67 reais) a 6.000 pesos (158 dólares ou 807 reais), dependendo da quantia concedida.

De acordo com a acusação, caso não se pagassem o solicitado, começavam as ameaças, até mesmo com armas de fogo, e a violência, chegando-se inclusive ao furto de bens como cobrança do empréstimo e a perseguição dos credores em suas residências particulares.

A promotora Irena Penza, responsável pelo caso, disse que os agiotas normalmente não residiam no Uruguai por muito tempo, e operavam na base da confiança, para o qual contavam com “alguns comparsas de nacionalidade uruguaia”. Também destacou que suas atividades abrangiam outras regiões dentro e fora do país.

“Não há uma raiz exclusiva em Tacuarembó, mas sim em todos os departamentos do Uruguai, para não mencionar outras regiões e países próximos”, declarou Penza ao Canal 4.

Segundo o documento da acusação, essa rede recrutava pessoas geralmente de nacionalidade colombiana, que viajam ao Uruguai com a promessa de um trabalho para ajudar suas famílias na Colômbia, “muitas vezes desconhecendo qual era efetivamente o teor da tarefa que iam desenvolver”.

Chegavam “unicamente com uma passagem de ida, cujo custo deveria ser reembolsado ao recrutador com trabalho durante um período de um ano”, acrescenta.

De acordo com a investigação policial, muitos dos acusados usavam empresas de eletrodomésticos como fachada para seus negócios.

Para três dos acusados, foi decretada a prisão preventiva por 120 dias. Para os outros 16, está em vigor a obrigação de fornecer um endereço fixo e a proibição de saída do país.

Além disso, outras seis pessoas foram objeto de medidas restritivas enquanto a investigação continua. Entre elas, a proibição de deixar o país e a obrigação de entregar seus passaportes, apontou o Ministério Público em um comunicado.

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