04/12/2023 - 14:12
Dezenas de tanques israelenses entraram nesta segunda-feira (4) no sul da Faixa de Gaza, onde o Exército expandiu a ofensiva terrestre contra o Hamas, apesar da presença de centenas de milhares de civis e do aumento das tensões na região.
As forças israelenses, que iniciaram uma ofensiva terrestre em 27 de outubro no norte do território palestino, multiplicam os bombardeios no sul desde a retomada dos combates em 1º de dezembro, após sete dias de trégua.
O Exército israelense disse que estava atuando “com força” ao redor da localidade de Khan Yunis, no sul da Faixa Gaza, submetida a intensos bombardeios.
Dezenas de tanques, veículos de transporte de tropas e tratores israelenses entraram nessa região, na altura da cidade de Khan Yunis, afirmaram várias testemunhas à AFP nesta segunda-feira.
Amin Abu Hola, 59 anos, informou que os veículos militares israelenses avançaram quase dois quilômetros, até a localidade de Al Qarara, ao nordeste de Khan Yunis.
“Os combates e o avanço terrestre do Exército israelense na região de Khan Yunis não permitem que os civis se desloquem pela rodovia Salaheddin, no norte e leste da cidade”, indicou o Exército em um comunicado.
A presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Mirjana Spoljaric, que chegou a Gaza nesta segunda, denunciou na rede social X, antigo Twitter, o sofrimento “intolerável” da população.
“Reitero nosso apelo urgente para que se proteja os civis de acordo com as leis da guerra e que se permita a entrada de ajuda sem obstáculos”, escreveu.
O ministério da Saúde do Hamas reportou nesta segunda 15.899 mortos, 70% deles mulheres e menores de idade, nos bombardeios israelenses, efetuados em resposta ao ataque sem precedentes do movimento islamista em território israelense em 7 de outubro.
Os combatentes islamistas invadiram o território de Israel e mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades. Israel declarou guerra ao Hamas e prometeu “aniquilar” o movimento, que governa o território palestino desde 2007.
O Exército de Israel anunciou que três soldados morreram ontem no norte do território, elevando a 75 o número de militares mortos desde o início da ofensiva terrestre e a 401 desde 7 de outubro.
Os combates recomeçaram nesta segunda na Cidade de Gaza, alvo de vários ataques aéreos. Segundo testemunhas, os tanques israelenses abriram fogo e entraram pela primeira vez no mercado da cidade velha, onde destruíram dezenas de barracas.
Um bombardeio na entrada do hospital Kamal Adwan, localizado no norte de Gaza, deixou vários mortos durante a madrugada, segundo a agência palestina Wafa. O Exército não confirmou tal informação.
Israel acusa o grupo islamista palestino, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia, de ter instalado infraestruturas sob os hospitais da Faixa e de utilizar civis como escudos humanos.
Sob uma trégua obtida com a mediação do Catar, com o apoio do Egito e dos Estados Unidos, 80 reféns israelenses foram liberados em troca da saída de 240 detentos palestinos das prisões de Israel.
Mais de 20 reféns adicionais também foram liberados em Gaza, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel.
No sul do território, os bombardeios israelenses se concentraram nos últimos dias em Khan Yunis e seus arredores, onde a cada dia o Exército alerta para um “grande ataque iminente” e ordena a saída da população.
Desde o início da guerra, centenas de milhares de moradores da Faixa fugiram de suas casas e seguiram para o sul.
Os hospitais, que no norte estão quase todos fechados, no sul estão lotados de feridos, sem energia elétrica e com poucas reservas de combustível.
“Apesar do que foi acordado, os ataques no sul de Gaza são tão implacáveis como os que o norte sofreu”, publicou nesta segunda no X James Elder, um porta-voz do Unicef.
“A situação é pior para as crianças e as mães”, afirmou.
O Exército israelense informou que efetuou quase 10.000 bombardeios aéreos desde o início da guerra, enquanto mais de 11.500 foguetes foram lançados contra Israel.
Os ataques destruíram ou danificaram metade dos edifícios, segundo a ONU.
As necessidades são imensas no território, que é alvo de um cerco total desde 9 de outubro e onde 1,8 milhão de pessoas, de um total de 2,4 milhões, foram forçadas ao deslocamento devido à guerra, segundo a ONU.
Com exceção dos sete dias de trégua que permitiram a entrada a partir do Egito de centenas de caminhões de ajuda humanitária, a passagem de fronteira de Rafah está apenas parcialmente aberta.
Em Deir al Balah, na região central da Faixa, os feridos jaziam no chão do hospital al Aqsa esperando para serem atendidos. “Minha filha de quatro anos está sob os escombros, não sei se está viva ou morta. Basta de guerra já!”, disse uma mulher, Walaa Abu Libda.
O governo dos Estados Unidos, que fornece bilhões de dólares em ajuda militar anual a Israel, intensificou os apelos por proteção aos civis de Gaza.
“Muitos palestinos inocentes morreram”, declarou a vice-presidente Kamala Harris na COP28
Em paralelo, na madrugada desta segunda, o Exército israelense lançou operações em diferentes setores da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, principalmente em Jenin, segundo a agência Wafa.
Dois palestinos morreram em uma incursão israelense em Kalkilia, no norte da Cisjordânia, segundo a Autoridade Palestina.
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